31 de março de 2008

Planetas extra-solares habitáveis

O The Daily Galaxy refere, em New Habitable Planets in Space, o que Francis Drake, o cientista da "Equação de Drake" (1), tem vindo a dizer, mais recentemente, sobre a revisão das probabilidade de haver planetas habitáveis, e nestes, de haver vida inteligente e civilizada. A nossa galáxia tem cerca de 400 mil milhões de estrelas; já se detectaram mais de 200 planetas extra-solares (277 - ver aqui) - o que melhorou a perspectiva de haver planetas com aquelas características . Francis Drake estima que haverão entre 1.000 a 100 milhões de civilizações avançadas na nossa galáxia.

Bem gostaria que essas estimativas se viessem a revelar como verdadeiras, mas não sei - existem cépticos que colocam em cima da mesa a possibilidade da vida, e, em particular, a vida inteligente, e, dentro desta, vida civilizada, serem extremamente raras. A Terra, o conjunto de factores que possibilitaram a ocorrência de vida e de vida inteligente nela, seria um caso que se verificaria poucas vezes: existe um livro expressando essa tese tendo como título exactamente esta designação, Rare Earth. A implicação desta tese é que, não negando a possibilidade da existência de vida extra-terrestre e extra-solar, a sua raridade, faria com que, em termos práticos, tendo em conta as dimensões da galáxia, para não falar do Universo, estivessemos sózinhos e isolados, ficando assim resolvido o "Paradoxo de Fermi" (ver também aqui) - se existem extra-terrestres civilizados porque é que não apareceram ainda?

Uma outra hipótese de solução, partilhada por alguns astrónomos, que conciliaria a ocorrência de civilizações extra-terrestres avançadas com o "Paradoxo de Fermi", seria da galáxia só há relativamente pouco tempo ter possibilitado as condições para o aparecimento daquelas - estaríamos na fase da emergência de civilizações solares e, por isso, nem seríamos os primeiros (evento de probabilidade reduzida), nem teríamos sido visitados, quer por não houve tempo para isso e/ou a densificação dessas ocorrências ser ainda reduzida (potenciando a importância das distâncias). Em alternativa a tudo isto, teríamos a hipótese de estarmos de quarentena galáxica - tema de muita FC - enquanto não atingirmos o nível adequado de civilização.







_______________________________________________________







(1) A Equação de Drake é formulada como segue: N= R* x fp x ne x fl x fi x fc x L


Onde:

N é o número de civilizações extraterrestres em nossa galáxia com as quais poderíamos ter chances de estabelecer comunicação.

e

R* é a taxa de formação de estrelas em nossa galáxia;
fp é a fração de tais estrelas que possuem
planetas em órbita;
ne é o número médio de planetas que potencialmente permitem o desenvolvimento de
vida por estrela que tem planetas;
fl é a fração dos planetas com potencial para vida que realmente desenvolvem vida;
fi é a fração dos planetas que desenvolvem vida que desenvolvem
vida inteligente;
fc é a fração dos planetas que desenvolvem vida inteligente e que têm o desejo e os meios necessários para estabelecer
comunicação;
L é o tempo esperado de vida de tal
civilização.

30 de março de 2008

O aquecimento global e a sua denegação nos EUA: história e razões



Este vídeo já tinha sido referenciado nesta nota. É muito interessante mas comprido, pelo que pode ser visto por troços (usando o contador do tempo).

Mais factos...

"According to highly precise observations of microwave radiation observed all over the cosmos, WMAP scientists now have the best estimate yet on the age of the Universe: 13.73 billion years, plus or minus 120 million years (that's an error margin of only 0.87%… not bad really…)."



- ver em Universe Today » 13.73 Billion Years - The Most Precise Measurement of the Age of the Universe Yet

Factos...

"The Toronto Star reported an alarming factoid earlier this month: no gasoline-powered car assembled in North America would meet China’s current fuel-efficiency standard. That’s mainly because their standard is much higher than ours is currently. Their standard is a minimum-allowable efficiency standard, not a “fleet-average” standard like ours. Our lame car companies don’t make their (relatively few) most efficient vehicles in this country.


As for our much-hyped new 35-mpg (average) standard — it will take us in 2020 to where the Chinese are now (but not even to where Japan and Europe were six years ago). If we don’t rescind it, that is.

So whether you believe in human-caused global warming or peak oil, America remains unprepared to capture the huge explosion in jobs this century for clean, fuel-efficient cars.

Oh, and by 2010, China will be the world leader in wind turbine manufacturing and solar photovoltaics manufacturing. No worries, though, our TV and movie sales overseas still kick butt. For now."

- ver em Climate Progress » Blog Archive » No U.S.-made car meets China fuel standards.

Aditamento

Enquanto isso, em Israel ... ver em Oil-Poor Israel Gives The Electric Car A Home SolveClimate.com.

Frases


"To call a practice or system unsustainable is not just to lodge an objection based on aesthetics, say, or fairness or some ideal of environmental rectitude. What it means is that the practice or process can’t go on indefinitely because it is destroying the very conditions on which it depends. It means that, as the Marxists used to say, there are internal contradictions that sooner or later will lead to a breakdown."






- ver em Michael Pollan - Agriculture - Disease Resistant Staph - Concentrated animal Feed Operations - Sustainability - New York Times






"It would take more than five Earths to be able to sustain the world population if everyone consumed resources at the same rate as the United States, according to the New Economics Foundation (NEF)."





- ver em Natural News



PS: as frases são demasiado boas para não serem destacadas assim, mas o que os artigos nos dizem é mesmo relevante - o primeiro, o abuso dos adubos, dos antibióticos, etc. na produção agro-pecuária; o segundo, relata as conclusões de um estudo da News Economics Foundation sobre o nível de sustentabilidade da Terra face a diferentes cenários de evolução dos padrões de consumo.

Uma autocrítica sobre o Iraque


O blogue de Brad DeLong Grasping Reality with Both Hands transcreve a autocrítica de John Cole no Balloon Juice sobre o Iraque. Isto insere-se numa onda de artigos de introspecção crítica surgidos na imprensa norte-americana sobre a tomada de posição de conhecidas individualidades quanto à guerra, no quinto aniversário do seu início. O artigo fala por si.




"I see that Andrew Sullivan was asked to list what he got wrong about Iraq for the five year anniversary of the invasion, and since I was as big a war booster as anyone, I thought I would list what I got wrong: Everything. And I don't say that to provide people with an easy way to beat up on me, but I do sort of have to face facts.



I was wrong about everything. I was wrong about the Doctrine of Pre-emptive warfare. I was wrong about Iraq possessing WMD. I was wrong about Scott Ritter and the inspections. I was wrong about the UN involvement in weapons inspections. I was wrong about the containment sanctions. I was wrong about the broader impact of the war on the Middle East. I was wrong about this making us more safe. I was wrong about the number of troops needed to stabilize Iraq. I was wrong when I stated this administration had a clear plan for the aftermath. I was wrong about securing the ammunition dumps. I was wrong about the ease of bringing democracy to the Middle East. I was wrong about dissolving the Iraqi army. I was wrong about the looting being unimportant. I was wrong that Bush/Cheney were competent. I was wrong that we would be greeted as liberators. I was wrong to make fun of the anti-war protestors. I was wrong not to trust the dirty smelly hippies. I mean, I could go down the list and continue on, but you get the point. I was wrong about EVERY. GOD. DAMNED. THING. It is amazing I could tie my shoes in 2001-2004.





If you took all the wrongness I generated, put it together and compacted it and processed it, there would be enough concentrated stupid to fuel three hundred years of Weekly Standard journals. I am not sure how I snapped out of it, but I think Abu Ghraib and the negative impact of the insurgency did sober me up a bit. War should always be an absolute last resort, not just another option. I will never make the same mistakes again."



Aditamento




No mesmo blogue, e sobre o mesmo assunto, Brad DeLong justapõe duas opiniões: "Anne-Marie Slaughter vs. Jim Henley on the War in Iraq: "War is a big deal. It isn't normal. It's not something to take up casually" e opta, de modo definitivo, pela segunda. Infelizmente, estou convencido que aquilo que é dito na primeira não pode ser descartado com essa facilidade. O que se passou - as lições da história - não pode ser esquecido, mas o que passou, passou, diz-se em economia - o disparate foi feito e tem de se lidar com ele; se isso não for bem feito, as consequências podem ser ainda piores.

Cometas assassinos

Arthur C. Clarke fala de cometas assassinos, num artigo de 1994 para o New York Times: Killer Comets. Mantém toda a actualidade.

29 de março de 2008

Frases

"Economists understand (most of them, anyway) that some regulations are good and some are bad, while others are bad but better than nothing. Many of us nonetheless lack the ability to communicate these complexities to the broader public, and instead end up falling back on a simple party line--like 'regulation is bad'."

- em Remembering Galbraith Free exchange Economist.com

Astronomic Picture of the Day - 29 de Março: Galáxia Espiral NGC 2841






Explanation: Some 50 million light-years distant, spiral galaxy NGC 2841 can be found in the northern constellation of Ursa Major. This sharp view of the gorgeous island universe shows off a striking yellow nucleus and galactic disk with tightly wound spiral arms. NGC 2841 has a diameter of over 150,000 light-years, even larger than our own Milky Way Galaxy. The galaxy's dust lanes and turbulent star-forming regions are found along the spiral arms, but X-ray images suggest that resulting winds and stellar explosions create plumes of hot gas extending into a halo around NGC 2841. Of course, the prominent stars with a spiky appearance in the picture are close foreground objects within the Milky Way and not associated with NGC 2841.



Ver em Astronomy Picture of the Day, NASA (Archive - 29 de Março de 2008).

28 de março de 2008

O sarilho

É mais uma crítica de um livro no New York Times: No End in Sight de Charles Ferguson. Neste caso, mais um sobre o Iraque - sobre o que correu mal depois da invasão norte-americana (conta as experiências, as pequenas histórias, de muitos intervenientes); e o que se perspectiva poder vir a acontecer quer os EUA continuem, ou não, lá.


Uma frase: "Ferguson introduced us to well-intentioned, intelligent people who took the White House at its word and went to Iraq to build a decent postwar society. He showed how they had their legs cut out from under them every step of the way by arrogant ideologues in Washington. Now he has taken the material he collected from more than 50 interviews, expanded and updated it with additional interviews, added his own interpolated commentary..." Gosto muito da parte onde se fala dos "arrogantes ideólogos" - estamos sempre a encontrá-los.



Qualquer das soluções que se colocam ao próximo Presidente dos EUA quanto ao Iraque, serão más - tratar-se-á de escolher a menos má: a que minimize os custos de todo o tipo (a este propósito vejam esta nota, mas poderão ver, nomeadamente as mais recentes, sob a etiqueta próximo oriente).


Educação em Portugal (XII)

Mais tomadas de posição sobre o que se passa na educação em Portugal, de colunistas do Diário Económico. Transcrevo-as em parte - são importantes porque revelam um certo estado de espírito da população em geral quanto às guerras na educação (razão tinha o Pacheco Pereira em dizer que a população se posiciona de forma diferente em relação às reformas na saúde e na educação).



A primeira é de Jorge Araújo - transcrevo também um comentário de um professor ao artigo (termina afirmando que os seus alunos são excelentes - não tenho dúvidas é que é também um professor excelente) ; a segunda é um editorial de Bruno Proença.




À atenção das escolas







"... No seu livro “Textos para Educação”, o psicólogo Eduardo Sá diz-nos que “educar é incrementar a autenticidade, em vez da falsidade.” “Nunca se educa à margem da verdade.” “É bom que as crianças sintam que, quando alguém não gosta do que fazem, é de supor que lhes mostrem que podem fazer melhor.” “As crianças precisam sentir que os sentimentos maus ou os insucessos, são naturais como a sede e fazem bem à saúde.”Será que no meio da luta em curso, preocupações como estas estarão a ser motivo da devida preocupação de escolas, professores e governo?





"...O mesmo autor, atrás referido, acrescenta que “gostava que a Escola se transformasse num lugar que estimule as incertezas e incentive à dúvida, que reabilite a criatividade e a ousadia de pensar, que ensine a cumplicidade e, com humanidade, promova a esperança.” Será que é assim que as nossas Escolas estão neste momento a proceder?“Uma escola que aceite que, atrás de cada aluno difícil, está um professor em dificuldades e que diante de uma criança distraída, está uma família desatenta.”




"Famílias desatentas, uma escola nem sempre potenciadora de jovens preparados para as dificuldades de um futuro cada vez mais complexo e exigente, professores zangados com os governantes e estes nitidamente desfocados do que deveria ser a sua maior preocupação. Convenhamos, estamos perante uma mistura demasiado preocupante!"





"... Quem os vai incentivar a prepararem-se todos os dias com prazer e de forma disciplinada e consciente?A educação obriga a um treino diário, assente em situações problema que suscitem por um lado, a reflexão necessária e, pelo outro, o retorno de informação de pais e professores, positivo ou negativo consoante as circunstâncias, mas sempre orientado no sentido de potenciar que os nossos jovens melhorem continuamente, a caminho da excelência. O que exige concentração, acompanhamento e preparação prévias pouco consonantes com lutas como aquelas que se travam semana a semana.Sem invalidar as razões e os direitos que cada uma das partes deve defender do modo mais empenhado e democrático possível, é fundamental que ninguém esqueça as respectivas responsabilidades em todo este processo."




Comentário de um professor ao artigo anterior






"Excelente artigo, uma lufada de ar fresco na histeria quase colectiva recente que até o PGR contagiou. Isso as vozes ultra nervosas que advogam a proibição dos telemóveis em vez de ensinarem a utilizar o botão de silêncio. Outros que gritam que a aluna agrediu quando isso é mentira. Bom, vamos ao que interessa. Um Professor consciente pela reflexão aqui enunciada e com o objectivo total da excelência pode aproveitar para estudarem os sistemas operativos dos telemóveis(TCI), a matemática euclidiana subjacente(MAT), os diversos modelos de negócio(Economia), a ajuda que os telemóveis dão nos países pobres(Geografia), as palavras como reset, puk ou pin (Inglês), os ringtones (ed. musical), o efeito apelativo dos ecrãs (Ed. Visual), quanto tempo demora um telem. a captar uma imagem (3 metros por nanosegundo) para a Física e em Filosofia a capacidade do ser humano em transformar problemas em oportunidades. Seria excelente para os alunos, Professores, pais, mães tias e avós. Seria excelente, mas por enquanto o País está numa do par de estalos e das proibições. Está numa de soluções dos medíocres, em vez de ir estudar quem sabe sobre o assunto. Felizmente, os meus alunos de tecnologias aqui nos subúrbios são interessados/as, muito bem educados, divertidos e já sabem o que é a velocidade da luz. São excelentes! MMartins-Sintra."






Sem educação






"...Está a discutir-se o acessório e a esquecer-se a substância....Num país sem riquezas naturais, terá de ser a qualidade das gentes a fazer a diferença. Ou seja, a formação – cívica, académica, profissional – é um factor determinante de sucesso. Portanto, pede-se particular responsabilidade a todos na discussão pública."




"O sistema de educação nacional é mau e não é por falta de recursos. As estatísticas da OCDE mostram que Portugal gasta como um país desenvolvido mas tem resultados do terceiro mundo. Nos ‘rankings’ internacionais, os alunos aparecem em média nas últimas posições em línguas, matemática e ciências. Aqui reside uma das causas do baixo desenvolvimento do país. As últimas semanas mostram que as dificuldades estão longe de estar superadas. A manifestação revelou que a maioria dos professores está de costas voltadas para a sua profissão. Ninguém os viu reclamar melhores condições para dar aulas ou para dignificar a sua posição social. Estiveram apenas preocupados em manter situações de excepção. Nos dias que correm tudo é avaliado – é a única forma de premiar os melhores e penalizar os maus."




"Mas o caso de agressão é pior. ... Estes casos resultam de vários factores que se acumularam nos últimos anos: desde a demissão dos pais de parte do seu papel, até às novas teorias pedagógicas que associam o ensino à brincadeira, esquecendo-se que ninguém aprende sem estudo, trabalho e esforço. A isto junta-se o enfraquecimento das relações hierárquicas nas escolas. Que não haja dúvidas: os professores ensinam e impõem as regras e os alunos aprendem e cumprem. A forma como o sistema de Educação vai resolver este caso será importante."




"Qualquer solução que não seja um sinal claro de que se quer acabar de vez com estas situações é mais um prego no caixão do ensino público. Um pai quer os filhos longe de escolas que são sinónimo de balbúrdia. E quem pode vai preferir o ensino privado de qualidade, onde as condições são outras – apesar de também existirem problemas. Ou seja, vão agravar-se as desigualdades na sociedade portuguesa e promover-se uma realidade dual. ... É o fim da mobilidade social que a escola também deve garantir e sem o qual a sociedade portuguesa apodrecerá."

Obituário - Arthur C. Clark

Do obituário de Arthur C. Clarke no Economist.com, alguns excertos:


"Did Sir Arthur believe in extra-terrestrials? The answer was given with a smile. “Two possibilities exist: either we are alone in the universe or we are not. Both are equally terrifying.” And UFOs? A broader smile. “They tell us absolutely nothing about intelligence elsewhere in the universe, but they do prove how rare it is on Earth.” For all his star-gazing, Sir Arthur's feet were firmly on the ground."

"He did not predict the future in his copious science fiction, he insisted. He simply extrapolated. ... The point was never to say what would happen for certain, but to ask what might happen; to prepare people painlessly for the future and to encourage flexible thinking. Politicians, he thought, ought to read his books rather than westerns or detective stories, because imagination could pave the way for revolutionary practical ideas."

"His notions of the future remained unswervingly radical. Sir Arthur knew that outlandish ideas often became reality. But they provoked, he wrote, three stages of reaction. First, “It's completely impossible.” Second, “It's possible but not worth doing.” Third, “I said it was a good idea all along.” ... “Any sufficiently advanced technology”, he declared, “is indistinguishable from magic.”

A religião com o objecto de estudo da ciência

The Economist dá notícia, em The science of religion, do que a ciência tem vindo a fazer para compreender o fenómeno religioso, na sua génese e nas suas consequências sóciais. Muito interessante.

Segurança Social e Bolsa

"Suppose We Had Invested Social Security in the Stock Market? The WSJ is too polite to ask this question, but I'm not."


- Dean Baker em Beat the Press Archive The American Prospect

Exxon, Antárctica e o aquecimento global

É da Salon.com e merece ser lido. Cruza com a notícia dada aqui sobre o comportamento recente dos bancos de gelo junto à península antárctica ocidental. O articulista de Bye-bye, Antarctica? a partir daí foi inspeccionar o que os denominados cépticos sobre o aquecimento global (ou sobre a responsabilidade humana nesse fenómeno) estavam a dizer sobre esse facto. Os resultados foram os esperados mas o mais interessante é que: "It's amazing, really. Pick a random datapoint of climate skepticism floating through the infosphere, and you can almost invariably connect the dots back to Exxon."

27 de março de 2008

Educação em Portugal (XI)





Tenho de falar da questão da disciplina nas escolas.












Numa nota anterior dizia o seguinte (ver aqui): "... É uma situação extrema [falava do caso onde a um miúdo foi dada a escolher a opção entre ter uma bicicleta ou ir à escola], dir-me-ão, mas que se insere numa distribuição (atípica em termos europeus e da OCDE) de atitudes sobre a educação, por parte da população portuguesa, menos valorativa do interesse e das potencialidades daquela, e da intensidade e rigor com que deve ser prosseguida por todos - essa distribuição menos favorável tem diversos e diversificados afloramentos ..." Poderia ter referido que um desses afloramentos é modo como as famílias encaram o modo como os filhos se devem comportar na escola.














Como dizia nessa nota, era necessário trabalhar a percepção das famílias sobre a importância da instrução e da educação ( uma percepção menos correcta tem também reflexos no comportamento disciplinar dos filhos) - a responsabilidade disso impende, em primeiro lugar, sobre a estrutura política do país: governo, deputados, partidos, municípios; e deve ser coadjuvada por todos que duma ou doutra forma podem intervir no processo, numa ou noutra situação: associações, igrejas, polícias, etc.. Como consegui-lo, como concretizá-lo, isso, é um problema eminentemente político.








Manuel Vilaverde Cabral ao comentar a situação de conflito entre o Ministério da Educação e os professores referia que o País tem vindo a pedir demasiado à Escola. Isto tem muito de verdade. À Escola pede-se que além de uma transmissão eficaz de conhecimentos e de competências, supra as deficiências de formação dos alunos em diversos domínios: de valores, de comportamento, de actuação cívica, usualmente decorrentes da incapacidade das famílias, do sistema político e da sociedade, em fazê-lo de modo adequado. O certo, no entanto, é que todo esse leque de formações tem de ser adquirido, se quisermos ter futuro, e nessa tarefa a Escola não tem, nem pode ter, escolha – ela é o instrumento mais importante que o País dispõe para conseguirmos ter os cidadãos que precisamos de ter. Não pode é desempenhá-la sózinha, embora, não possa ser esquecido, que aquilo que pode (e deve) fazer, tem de o fazer melhor.








Eu não tenho dúvidas que o acontecido na Escola do Porto - e em todas as outras situações que vieram a lume - são ocorrências raras no sistema público da educação. Importaria no entanto isso estar quantificado e bem quantificado. Uma dos traços caracterizadores do sistema público de educação em Portugal - aliás, característica compartilhada com os outros subsistemas do Estado - é que não se mede, não se quantifica, não se estuda, não se compara, não se questiona, não se problematiza, como sucede lá fora (se o faz, isso não transparece); por exemplo, a divulgação dos resultados dos exames foi positiva apesar de algumas análises idiotas a que deu lugar - o caminho, a seguir, é produzir ainda mais estatísticas que completem essa informação, que a qualifiquem, que a potenciem. A informação, em qualidade e em quantidade, quantificada, é requesito da gestão eficaz das organizações e dos sistemas, e da transparência, sem a qual a democracia é um simulacro.








Mas se a incidência dos problemas de indisciplina não é significativa de um ponto de vista quantitativo, é significativo o modo como o sistema educativo e todo o seu contexto os tratam - o tratamento das situações atípicas testa a qualidade e a eficácia das organizações. E aqui, prova-se, é demonstrado mais uma vez, que as coisas não estão bem em Portugal. A Escola não pode deixar isolados, desprotegidos, os seus professores nas salas de aula problemáticas; tem de deixar claro (e porquê) o que é inadmissível - problema na sala de aula com o professor X obriga a uma resposta da escola no seu conjunto; por seu lado, o exterior não pode deixar a Escola sózinha, desprotegida, no tratamento destes problemas. E isso é particularmente verdade, nos casos extremos, nas zonas onde há os problemas. Tarefa elementar é a delimitação dos problemas sérios, das escolas problemáticas; aí conjugar esforços na concretização de estratégias e procedimentos; e mobilizar os recursos e instrumentos necessários. Nos restantes casos, dotar o sistema dos instrumentos e responsabilizá-lo, analisando as ocorrências onde há falhas de actuação - a Escola deverá ser capaz de os resolver e de os resolver bem.








A Escola e a sua envolvente têm tido um comportamento pró-activo em tudo isto? Não tenho dúvidas que não. Os instrumentos são os adequados? A organização do sistema de educação português é a melhor? Não tenho dúvidas que não. Aquilo que se perfila no horizonte em termos de medidas e de alterações será o suficiente? Aí tenho sérias dúvidas. Tenho respeito por este Governo e por esta Ministra por tentarem introduzir níveis superiores de exigência no sistema educativo português. Tenho dúvidas, no entanto, da bondade de algumas das soluções, por exemplo, as plasmadas no estatuto do aluno e para a descentralização. Quando ouço um deputado do CDS elencar os problemas com o novo estatuto do aluno (e soam-me como correctas), fico preocupado mas fico a aguardar o esclarecimento da Ministra (que me desculpem a parcialidade); mas se Daniel Sampaio diz que o dito documento não é bom, aí, fico mesmo muito preocupado.

Naturalmente, sou a favor de mais avaliação - quer dos professores, quer das escolas, quer das soluções, quer dos procedimentos, quer de tudo. E, a-propósito, contrariamente, a um comentário ignorante de um intelectual (de relevo) da praça, a componente de auto-avaliação funciona mesmo e tem funcionado em contextos muito diversos - a maioria esmagadora das pessoas é mais honesta do que ele pensa.

Quantos aos professores gostava de os ver assumir e denunciar os problemas da educação, publica e autónomamente, quer os internos às escolas, quer os externos às escolas. O prestígio conquista-se, independentemente, da clara responsabilidade do sistema em alterar o modo como Portugal vê os seus professores. O protagonismo da classe, enquanto tal, não deveria ser reconduzido ao estrito protagonismo dos sindicatos.

26 de março de 2008

Uma solução para a falta de água?







Outros pormenores aqui.

Educação em Portugal (X)


Isto vai sobre sob a epígrafe da Educação, porque é onde a questão tem estado mais visível - aplica-se, no entanto, a toda a actividade do Estado, em todas as suas manifestações.



Maria Manuel Leitão Marques, Secretária de Estado da Modernização Administrativa, fala no Diario Economico.com, da Avaliação. Não tenho qualquer qualificação a fazer - o texto é impecável.



"Com poucas excepções, Portugal e outros países filiados na mesma tradição administrativa têm pouco hábito de convívio com uma cultura de avaliação. Avaliação das leis, das políticas e das reformas. Avaliação das instituições públicas. Avaliação dos seus dirigentes e dos funcionários.Nas leis e nas reformas, isso pode conduzir a que se sucedam umas às outras, cometendo os mesmos erros, por não terem sido identificados os anteriores. Faz ainda com que raramente se saiba se os resultados alcançados foram os inicialmente pretendidos.Nas instituições, a falta de avaliação leva a que não se detectem e corrijam más orientações de gestão e que não seja possível premiar as mais bem sucedidas.A ausência de avaliação das pessoas faz com que a sua progressão nas carreiras se faça pelo decurso do tempo. Induz a uma acomodação a práticas pouco eficientes e retira o incentivo a um melhor resultado profissional. Obviamente, também não permite distinguir os bons profissionais, que sempre existirão apesar disso..



Porque tal aconteceu ao longo de muitos anos, é natural que qualquer tentativa de introduzir uma cultura de avaliação suscite resistências, não encontre adeptos e tenha até dificuldade em instalar-se por falta de competências necessárias para que a avaliação possa ser feita com o rigor desejado.Quando a cultura de avaliação chegou às Universidades, na década de 90, também não foi recebida com aplausos, pese embora a carreira académica dos docentes ter sempre dependido de uma avaliação feita por pares. A resistência fez-se especialmente notar quanto à realização de inquéritos aos alunos sobre a prestação dos respectivos professores. Mas progressivamente as práticas de avaliação foram sendo absorvidas e comprovou-se até que os alunos raramente penalizam os professores mais exigentes, bem melhor cotados do que os mais faltosos. O mesmo aconteceu aos centros de investigação, neste caso avaliados por maioria de investigadores estrangeiros, exigindo dos Centros um elevado esforço de organização e passando os resultados a condicionar o financiamento para os anos seguintes.



Alguns dirão que ainda hoje qualquer destes sistemas está longe de ser perfeito. Com certeza. Mas será que existe um sistema perfeito de avaliação, totalmente objectivo, por exemplo?É de esperar que as dificuldades sejam mais visíveis e as resistências mais sonoras quando se trata de instituir sistemas de avaliação de pessoas, do que quando se trata de avaliar instituições. Mas a raiz dessa dificuldade é idêntica nos dois casos: um país com poucos hábitos de competição, que viveu muitos anos orgulhosamente só e pensou que poderia sobreviver eternamente assim. Convivendo com desperdício, maus resultados, ineficiências. Esperando que a qualidade surgisse por acaso, de esforços individuais notáveis que sempre despontam aqui e acolá, sem necessidade de organizadamente fazer algo por ela.Uma parte importante do sector privado (empresários e trabalhadores), que também passou por essa fase, aprendeu à sua custa que o mundo tinha mudado. E que as suas organizações deviam mudar também. É por isso que alguns dos aspectos mais contestados na avaliação dos funcionários públicos são hoje rotinas com que se convive regularmente nas empresas.Mas a seu lado o sector público permaneceu quase incólume. Como se o que mudava no mundo não lhe dissesse respeito.



Porém, a competitividade e a própria sobrevivência dos países também depende actualmente da capacidade do respectivo sector público reduzir burocracia, aumentar a sua eficiência, ajudar a melhorar as qualificações. Isso faz com que ninguém possa eximir-se a esse esforço de maior exigência e rigor, seja qual for a sua posição no mercado de trabalho.Obviamente, a falta de cultura de avaliação não é a causa de todas as nossas desgraças, nem a sua introdução um remédio salvador. Não é mãe de todas reformas das nossas instituições públicas. É apenas um aspecto importante delas. Pode ser adiada? Pode, claro. Um, dois , três, vinte anos, a vida toda. Podemos adiar o país todo. Com o risco de quando dermos conta ele já não existir."

Antárctica: continuação...




This series of satellite images shows the Wilkins Ice Shelf as it begins to break up. The large image is from March 6. The images at right, from top to bottom, are from Feb. 28, Feb. 29 and March 8. The images were processed from the MODIS satellite sensor flying on NASA's Earth Observing System Aqua and Terra satellites. Images courtesy NSIDC, NASA, University of Colorado.





Em Physorg.com, as notícias sobre o comportamento mais recente dos bancos de gelo na península antárctica ocidental: Antarctic ice shelf disintegrating as result of climate change, say scientists. Início do artigo:




While the area of collapse involves 160 square miles at present, a large part of the 5,000-square-mile Wilkins Ice Shelf is now supported only by a narrow strip of ice between two islands, said CU-Boulder's Ted Scambos, lead scientist at NSIDC. "If there is a little bit more retreat, this last 'ice buttress' could collapse and we'd likely lose about half the total ice shelf area in the next few years."





In the past 50 years, the western Antarctic Peninsula has experienced the biggest temperature increase on Earth, rising by 0.9 degree F per decade. "We believe the Wilkins has been in place for at least a few hundred years, but warm air and exposure to ocean waves are causing a breakup," said Scambos, who first spotted the disintegration activity in March.

25 de março de 2008

Astronomy Picture of the Day - 25 de Marco: Dança de galáxias



Galaxy Wars: M81 versus M82





Explanation: On the left, surrounded by blue spiral arms, is spiral galaxy M81. On the right marked by red gas and dust clouds, is irregular galaxy M82. This stunning vista shows these two mammoth galaxies locked in gravitational combat, as they have been for the past billion years. The gravity from each galaxy dramatically affects the other during each hundred million-year pass. Last go-round, M82's gravity likely raised density waves rippling around M81, resulting in the richness of M81's spiral arms. But M81 left M82 with violent star forming regions and colliding gas clouds so energetic the galaxy glows in X-rays. In a few billion years only one galaxy will remain.



Ver em Astronomy Picture of the Day, NASA (Archive - 25 de Março de 2008)

24 de março de 2008

Capitalismo inteligente

Vejam aqui um vídeo (não consigo colocá-lo neste blogue) sobre a actuação (de parte) do empresariado norte-americano no quadro dos desafios colocados pelo aquecimento global e as perspectivas que têm sobre o comportamento da economia face à resposta a ser dada.


Planetas extra-solares - factos

  • O primeiro planeta extra-solar foi descoberto há treze anos.

  • Até ao momento foi confirmada a descoberta de 277 planetas extra-solares.

  • Os astrónomos conseguem já detectar planetas extra-solares só com mais 10 massas terrestres.

Ver em An 'Astounding Time' for Planetary Discoveries - washingtonpost.com

Astronomic Picture of the Day - 24 de Março: Saturno e Titã vistos da Cassini



Saturn and Titan from Cassini



Explanation:
Spectacular vistas of Saturn and its moon continue to be recorded by the Cassini spacecraft. Launched from Earth in 1997, robotic Cassini entered orbit around Saturn in 2004 and has revolutionized much of humanity's knowledge of Saturn, its expansive and complex rings, and it many old and battered moons. Soon after reaching Saturn, Cassini released the Huygen's probe which landed on Titan, Saturn's largest moon, and send back unprecedented pictures from below Titan's opaque cloud decks. Recent radar images of Titan from Cassini indicate flat regions that are likely lakes of liquid methane, indicating a complex weather system where it likely rains chemicals similar to gasoline. Pictured above, magnificent Saturn and enigmatic Titan were imaged together in true color by Cassini earlier this year.


Ver Astronomy Picture of the Day, NASA (Archive - 24 de Março de 2008)

23 de março de 2008

China: estatísticas

Este artigo sobre a China, The new colonialists, saiu no Economist.com, há duas semanas, mas só agora o li - além do seu impacto nos mercados de matérias primas, fala das implicações geo-políticas da extensão da sua influência económica a nível mundial; das razões do peso da indústria pesada na sua actividade económica e da poluição no seu território. Aqui, só destaco as estatísticas do artigo - falam por si.



  • A China tem um quinto da população mundial, mas consome (tudo relativo à produção mundial): metade da produção da carne de porco; metado do cimento; um terço do aço; um quarto do alumínio.


  • A China, em relação ao valor das suas importações em 1999, gasta 35 vezes mais em soja e em petróleo e 23 vezes mais em cobre (quatro quintos do aumento na oferta de cobre, desde 2000, foram para a China). Aguarda-se que o volume das suas importações de petróleo triplique por volta de 2030 (daqui a 22 anos).


Aditamento


No mesmo número do The Economist.com existe um conjunto de artigos sobre o actual momento da China:

  • A ravenous dragon (e seguintes), onde se desenvolve o tópico referido acima;
  • O impacto da inflação no país, em Chinese inflation Sweet and sour pork, nomeadamente dos bens alimentares: "One difference between today and previous surges in inflation is that the increase over the past year has been caused mainly by food prices, which jumped by 23%. Vegetable prices are 46% higher than a year ago, pork is 63% dearer...";
  • E, por fim, um muito interessante, Industry in China Where is everybody?, sobre o comportamento do mercado de trabalho, em particular, da oferta de trabalho rural: " ... it is clear that the vast annual migration of around 20m people that has fuelled the manufacturing boom in southern China over the past two decades is beginning to diminish...Whatever the precise number, many factories are reeling. Wages were already rising; now they will surely go up further, adding to surging costs for credit, materials, energy, environmental compliance and health care...".


22 de março de 2008

Uma lição de um professor de ciência sobre as opções que temos face à possibilidade do aquecimento global!




Lição excelente de um excelente professor!
Ligação: aqui.

Noticias do espaço e do tempo


Notícias do espaço e do tempo:









  • A Discover Magazine em The Extinct Human Species That Was Smarter Than Us fala de um grupo de humanos primitivos que (possivelmente) pela sua capacidade craniana eram mais inteligentes do que nós. Nunca tinha ouvido falar disto - se isto tivesse saido no dia 1 de Abril ... .










  • A Centauri Dreams, em GRB Visible Halfway Across the Universe, dá pormenores de uma explosão de raios gamas - visível a olho nú - ocorrida numa galaxia situada a 7,5 mil milhões de anos luz - metade o tempo estimado de existência do (nosso) Universo.

A interpretação é sua!

Ver aqui na Galaxy Daily.

Crise financeira (IV)
















Como vão, e para onde vão as coisas? Eis alguns exemplos de perspectivas diferentes e de algumas consequências da actual conjuntura económica e financeira:






















  • Em La contre-offensive de la Fed commence à payer Telos, Eric Chaney faz uma apreciação positiva da eficácia da actuação do banco central dos EUA para conter os problemas nos mercados financeiros (primeira parte, muito técnica), mas qualifica muito o que se pode esperar no futuro, e por largo tempo, da economia norte-americana (ver os últimos três parágrafos - o mais interessante) - os desiquilíbrios existentes deverão ser resolvidos e a inflação, devida em parte, às próprias medidas do FED, poderá tornar-se num problema. Conclui que o mundo terá de adaptar-se a uma economia norte-americana menos dinâmica, menos importadora e a um dólar fraco.



















  • O New York Times, em o Slump Moves From Wall St. to Main St., descreve o clima económico do país, referindo sinais de contaminação da situação vivida nos mercados financeiros, como afrouxamento do consumo das famílias, perda de valor dos bens imobiliários, expectativas em baixa.


























  • Krugman em Partying Like It’s 1929 , no New York Times, revisita a crise de 1929, e aponta as semelhanças (preocupantes) com aquilo que sucede neste momento, enfatizando as consequências dos intervenientes nos mercados recusarem aprender com as lições do passado, nomeadamente, o facto de "unregulated, unsupervised financial markets can all too easily suffer catastrophic failure." É um artigo bastante pedagógico e claro.























  • No washingtonpost.com, em Inflation Hits the Poor Hardest , temos um artigo esclarecedor: refere o impacto da inflação nos bens essenciais do cabaz de compra das familias médias e mais desfavorecidas; lembra as determinantes desta inflação; e refere como a própria actuação do FED reforça o fenómeno.



  • O blogue Economist's View, em Did Greenspan Cause the Crisis?, cita um artigo de Jeffrey Sachs onde se imputa a responsabilidade dos problemas financeiros actuais à actuação do ex-presidente do FED, Greenspan, e outro artigo do Washington Post onde são referenciadas outras posições de economistas e do próprio Greenspan. Mark Thomas, desse blogue, conclui que a falha do ex-presidente do FED não terá residido no modo como conduziu a política monetária mas na forma como o FED actuou na área da regulamentação e supervisão do sistema financeiro.

21 de março de 2008

Comércio, globalização e eleições nos EUA

Uma questão que preocupa muitos economistas é a mensagem transmitida pelos candidatos democratas sobre as questões do comércio mundial - defensiva, no mínimo, e com laivos de proteccionismo à mistura (ver aqui). Já se verificaram ataques violentos de economistas (europeus, por exemplo) a essas tomadas de posição (ver aqui - último link).









Este apontamento, Something we can all agree on, do blogue Free exchange (Economist.com), discute de novo a questão, as razões para tal e os perigos, agora à luz do discurso recente de Obama sobre as questões raciais nos EUA (ver aqui), onde existe uma referência às consequências da globalização (deslocalização). É muito bom e deve ser lido - invoca alguns dos argumentos sobre o modo de defender a globalização que, no caso dos EUA, têm toda a pertinência, na medida em que as redes de apoio aos prejudicados pela globalização estão esburacadas (sindicatos, segurança social, saúde, educação,...). Um excerto:












"And the invocation of a common enemy is, objectively, a good way to create class-based, rather than race-based, voting coalitions. In this case, white collar executives and cheap foreign labour play the role of common enemy nicely. And as uplifting as Mr Obama's speech was, it is incredibly unfortunate that togetherness at home should come at the expense of economic growth abroad.

An optimist might say, however, that in building a class-based coalition, Mr Obama will create the conditions necessary to strengthen the social safety net. And some might then say--Dani Rodrik, perhaps--that by insuring workers against the buffeting winds of trade, Mr Obama will have secured the ability to expand globalisation without strong domestic opposition. One hesitates to project hopes on a candidate to this extent, but it seems possible."

Livros sobre o Iraque

Agora, que são passados 5 anos do início da guerra no Iraque, a Salon faz em Books on the Iraq war uma crítica sobre um conjunto de livros sobre o assunto, publicados nos EUA, no verão passado: "a scathing portrait of a mismanaged war; a humorous compilation of quotations by those very experts who mismanaged the war; a memoir by an Iraqi-American of his years in war-torn Baghdad; and a biography of Ahmad Chalabi, whom the book's author dubbed 'the man who pushed America to war".


Não percam a primeira crítica sobre o livro do jornalista inglês Jonathan Steele "Defeat: Why America and Britain Lost Iraq".

Casas de banho e desenvolvimento




Ver em 2.6 Billion With No Place to Go (to the Toilet) - Dot Earth - Climate Change and Sustainability - New York Times Blog o impacto da falta de casa de banho no desenvolvimento dos países, na pobreza e saúde das populações (700 000 crianças mortas por ano devido a doenças ligadas à contaminação fecal).


O vídeo fala-nos de uma solução que não só resolve este problema como ajuda a resolver outros.

Crise financeira (III)



Educação em Portugal (IX)

Ouvi à pouco na SIC Notícias, num programa (não o vi todo) sobre analfabetismo: um moço novo, analfabeto, não frequentou a escola, porque muito cedo foi confrontado pela família com uma escolha: ter uma bicicleta ou ir para a escola. É uma situação extrema, dir-me-ão, mas que se insere numa distribuição (atípica em termos europeus e da OCDE) de atitudes sobre a educação, por parte da população portuguesa, menos valorativa do interesse e das potencialidades daquela, e da intensidade e rigor com que deve ser prosseguida por todos - essa distribuição menos favorável tem diversos e diversificados afloramentos: veja-se, por exemplo, o receio, ainda frequente, do excesso da leitura, ou do excesso do estudo, quanto à saúde mental e física dos alunos (justificando aos olhos de muitas famílias, a bondade de mais uma semana de férias da Páscoa - como se os nossos alunos trabalhassem, em casa e na escola, com intensidade dos alunos dos países do Extremo-Oriente).


As razões são históricas mas - está para fazer a prova em contrário - seria possível - sempre o defendi - com o adequado (militante, empenhado, criativo, profissional, e sustentado no tempo) marketing sócio-político, ir alterando as percepções da população sobre o assunto. A atitude menos adequada das famílias é, também, um dos factores determinantes do insucesso escolar em Portugal.


Esta ausência de trabalho com os cidadãos, no sentido de se tentar alterar precepções e atitudes, é aliás extensiva a outros domínios - um exemplo: foi referido pelo Presidente da associação que trabalha com os doentes da hipertensão que, dos recursos usados no tratamento da doença, só 2% iam para a prevenção. As consequências em termos da eficácia das políticas da educação, da saúde, do ambiente, etc., deveriam ser conhecidas e interiorizadas por todos os intervenientes políticos.


Bem gostaria que se reciclasse o "conceito" de "economicismo" para designar a actuação política que se restringe ao estrito uso dos dinheiros do orçamento para fazer a coisa pública - o processo de discussão verbalista, não substantiva, não sustentada, entre os adversários partidários, não conta como política (note-se, para mim). Ter em atenção que o trabalho de alterar as percepções dos cidadãos não se reconduz só ao marketing sócio-político nos meios de comunicação social - aliás, tenho as minhas dúvidas sobre a sua efectiva eficácia (para não falar da sua eficiência).

20 de março de 2008

Beba água da torneira (na dúvida, ferva-a)


Via o blogue Deep Sea News, em On Bottled Water.

Mudança de paradigma? (II)


Este artigo no washingtonpost.com, de Harold Meyerson, A New New Deal, é sintomático daquilo que se apontava, aqui, como sendo uma possível mudança do clima político e sócio-económico nos EUA. Um excerto:



"In the broadest sense, the American economy over the past three decades has been powered by ever more ingenious extensions of credit to a people whose incomes were going nowhere, unless they were in the wealthiest 10 percent of the population. There were some limits, as a result of New Deal regulations, on how old-line banks could extend credit, but investment banks and other institutions not legally obliged to keep a certain amount of cash in reserve operated under no such constraints. The risk was that one day, burdened by debt and static incomes, American homeowners would have trouble making their payments and the house of cards would come tumbling down. But what were the odds of that?


Pretty good, it turns out. And out of this debacle emerge two paramount lessons for our highest-ranking policymakers: Regulate the American financial sector, which is now turning to the government for a bailout. And commit the government to doing all in its power to generate broad-based prosperity, through laws enabling workers to bargain collectively, through a massive public commitment to projects "greening" the economy, through provision of universal health coverage and affordable college educations."

Medo e democracia

João Cardoso Rosas fala, no Diário Económico.com, da necessidade das sociedades democráticas, e das suas instituições, saberem Gerir o medo de modo eficaz. Excertos (mas o artigo deve ser lido na totalidade - tem apontamentos interessantes e bem direccionados - se bem os entendo):


"Quando o medo social cresce, não é apenas a qualidade de vida que decresce. Aquilo que fica em jogo é a própria existência de uma sociedade livre, ou aberta. A sociedade aberta implica confiança no funcionamento das instituições que protegem a liberdade – o Estado de direito, os tribunais independentes, uma comunicação social pluralista, os mercados concorrenciais, etc. – e, portanto, a capacidade para vencer o medo potencial que nos opõe aos nossos semelhantes. Uma acrescida percepção subjectiva dos medos societários conduz à erosão da confiança entre os indivíduos e no próprio funcionamento das instituições livres. É esta situação que leva a que alguns, na senda de Hobbes, prefiram a servidão à liberdade.

Julgo que os governos das sociedades abertas têm prestado pouca atenção à gestão de todos estes medos societários. O nosso Governo não é excepção. Continua a hesitar em fazer um discurso forte sobre a segurança de bens e pessoas, e em agir em conformidade. Um dos aspectos mais graves da nossa vida social é a desmoralização das forças policiais e a sensação de insegurança que elas próprias criam junto dos cidadãos. Outro aspecto é a dificuldade em inverter o descrédito absoluto em que caíram os tribunais. Os cidadãos interiorizaram que, em caso de conflito, não têm verdadeiramente a quem recorrer...

Infelizmente, os nossos políticos democráticos não leram Thomas Hobbes. De outra forma, colocariam a gestão do medo no topo das suas agendas. Nos tempos que correm, gerir o medo e alimentar a confiança no futuro é a tarefa política mais importante para todos aqueles que prezam a liberdade e a sociedade aberta."

Eficiência energética - o exemplo dinamarquês

O blogue Scitizen discute as possibilidades de copiar a Dinamarca nas políticas que seguiu para atingir níveis muito elevados de eficiência energética: Is the Danish Renewable Energy Model Replicable?.






A Dinarmarca, em 1970, dependia em cerca de 99% do exterior para o seu aprovisionamento energético. Neste momento é um exportador líquido de gas natural, petróleo e electricidade; é o lider mundial em tecnologia para a energia eólica (exportou dela, em 2005, 7,45 mil milhões de dólares); o seu consumo de energia primária, entre 1980 e 2004, cresceu só 4%, embora a sua economia, no mesmo período, tenha crescido 64% e as suas emissões de CO2 desceram em 16%.




Para um outro exemplo, ver aqui.

19 de março de 2008

A interpretação é sua!

Tirado da Daily Galaxy.














Saturno e Dione



Saturn and Dione, with ringshineI dug this image out of the Planetary Data System to show you what ringshine looks like. Cassini looked edge-on to Saturn's rings to capture this approximately true color view of icy white Dione and the globe of Saturn on November 21, 2005. The rings are so thin that they almost disappear, but their effect is visible in the wash of yellow light they reflect onto the night side of Saturn's southern hemisphere (below the rings in this image). The north side of the rings is the unlit side, so there is no ringshine visible on the night side of Saturn's northern hemisphere.





Ver em Enceladus flyby pics - The Planetary Society Blog The Planetary Society

O desenvolvimento face às alterações climáticas

Jeffrey Sachs e Martin Wolf trocam mensagens na Slate Magazine, Debating Common Wealth: Economics for a Crowded Planet, sobre as questões da pobreza e desenvolvimento no quadro da necessidade de responder às alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global. Muito bom.

Estimativas da população mundial



Qual é o tamanho expectável da população humana, por volta de 2050? Qual é a sua efectiva medida hoje? Esta nota Earth 2050: Population Unknowable? do Dot Earth, New York Times Blog, discute a qualidade das respostas estatísticas dadas. De qualquer forma, fala-se 9 mil milhões em 2050 contra os 6,7 mil milhões (estimados) de hoje [+ 34,3%] - em 1830 teria havido 1 mil milhões de humanos. Ver gráfico acima.

Mais sobre o gelo do Ártico



As últimas notícias sobre o gelo no Ártico é de, apesar o gelo ter recuperado em extensão as perdas verificadas o ano passado, a sua espessura (gelo perene) reduziu-se de maneira alarmante: Climate Progress » Blog Archive » NOAA/NASA/NSIDC: Arctic ice is alarmingly scarce and thin.

Obama sobre raça

Vi Barack Obama falar sobre os desafios e oportunidades ligados às questões de raça , neste momento, nos EUA. É um discurso poderoso e substantivo (podem vê-lo em http://www.youtube.com/watch?v=pWe7wTVbLUU). Não é a minha escolha para a nomeação, mas, cada vez mais, confesso, me sinto à vontade com essa possibilidade. Uma feminista norte-americana, apoiante de Obama, disse que Hillary Clinton seria um muito bom Presidente, mas que Obama estaria fadado para a grandeza. Bem, a fazer fé, na qualidade dos seus discursos ...

Como inovar socialmente

João Wengorovius Meneses escreve no Diário Económico.com um artigo curioso, Uma esquerda progressista. A curiosidade reside no facto (é minha leitura, note-se) de fazer uma aproximação, pela esquerda, ao uso de metodologias de actuação que não tem sido apanágio das agendas da esquerda mais tradicional (socialista e à sua esquerda) e que encontramos, a contrario, defendidas por correntes neo-liberais e de centro-direita. À partida estou de acordo com a abordagem - já o disse: o que define a esquerda não são os instrumentos. Naturalmente, isto a ser tentado, por exemplo, na educação, provocaria a "mãe de todas as manifestações" - mas, existe uma considerável probabilidade de, para lá, caminharmos, e de experiências desse tipo serem tentadas.
Excertos:


"O Estado português precisa de reformas. Da educação à saúde, da justiça à segurança social, urge redefinir o papel do Estado, aperfeiçoar as suas respostas e alterar o seu modelo de funcionamento e de relação com os cidadãos. É necessário menos Estado, mas sobretudo um Estado mais eficaz, mais eficiente e mais participativo."


"Uma das actuais limitações do Estado reside na recente “tirania das circunstâncias”, que lhe impõe grandes restrições em assegurar as suas funções sociais, tal como desenvolvidas pela social democracia, após a II Guerra Mundial. Que fazer para ultrapassar esse estado de escassez e continuar a melhorar o bem-estar dos cidadãos? Adoptar novas e melhores respostas para as necessidades sociais, ou seja, acelerar a inovação social."
"Actualmente, o Estado cumpre as suas funções sociais financiando directamente as instituições prestadoras dos serviços – por exemplo, as escolas, os hospitais e as Instituições Particulares de Solidariedade Social –, sendo os serviços a prestar aos cidadãos definidos centralmente por “profissionais”. Alternativamente, o Estado poderia financiar directamente os cidadãos e colocá-los como principais responsáveis pela concepção dos serviços de que eles próprios necessitam. Ou seja, poderiam ser eles a definir a resposta, a receber o financiamento e, finalmente, a escolher a instituição prestadora do serviço."

"Claro que um novo modelo de Estado social seria uma “revolução”, num país refém de aparelhos partidários e de seitas sindicais e corporativas, incapazes de apostar no futuro e de defender o interesse colectivo. Mas é o tipo de ideias que a esquerda progressista deve levar a sério, se deseja encontrar um modelo viável de pós-social-democracia."

Crise financeira (II)

Este artigo no New York Times, Can’t Grasp Credit Crisis? Join the Club, é mais uma tentativa de explicar o que se passa nos mercados financeiros. Não é particularmente técnico.

Mudança de paradigma?


Estamos face à possibilidade de se verificarem mudanças profundas do modo como se tem vindo a ver o mundo, a fazer política e a lidar com a economia? A conjuntura financeira, económica e financeira, por todo o lado, mas particularmente nos EUA, é portadora de sinais que apontam nesse sentido. Não se consegue perceber como tudo isto irá terminar mas o sistema arrisca-se a um abalo que não deixará nada como dantes.












No horizonte de curto prazo perfilam-se as eleições presidenciais norte-americanas, que no caso da vitória democrata, implicarão alterações importantes (qualquer que seja o candidato nomeado) - as consequências dessa vitória serão potenciadas, muito provavelmente, por aquilo que se está a verificar em Wall Street, em termos do reforço de uma agenda política e económica, mais à esquerda, mais intervencionista e regulamentadora, internamente, e multilateralista no exterior. A forma como o novo Presidente dos EUA responder (e conseguir responder) no domínio das questões ligadas ao aquecimento global será outro aspecto determinante. No entretanto, no médio prazo, e para além de tudo aquilo que se prende com a ascensão das economias da Ásia e a pressão sobre os recursos, outras mudanças podem ocorrer com consequências geo-políticas e económicas imprevisíveis.












Vejam os artigos referenciados abaixo - dão conta de uma mudança de clima...













  • E. J. Dionne Jr.-The Street on Welfare-washingtonpost.com: é uma tomada de posição irritada: " Never do I want to hear again from my conservative friends about how brilliant capitalists are ... But in the enthusiasm for deregulation ... we forgot the lesson that government needs to keep a careful watch on what capitalists do. Of course, some deregulation can be salutary, and the market system is, on balance, a wondrous instrument -- when it works. But the free market is just that: an instrument, not a principle... "We have been saying for so long that government is the enemy. Government is the enemy until you need a friend."









  • Dan Froomkin -Bush's Financial Katrina -washingtonpost.com: faz o ponto da actuação da Administração Bush nesta conjuntura e cita: "...[S]ome economists and lawmakers said that the administration had too strongly resisted efforts to regulate either the mortgage industry or Wall Street's new mortgage-backed securities out of a misplaced faith in free markets"














EUA e Iraque: números

O DiarioEconomico.com, num artigo de Joseph Stiglitz , “The three trillion dollar war” , fala-nos dos números (mas não só) que definem a guerra no Iraque, já velha de 5 anos . Excertos:




  • "...o custo económico da guerra para os EUA ascenderá aos três biliões de dólares e, para o resto do mundo, outros três biliões ... A administração Bush disse que a guerra custaria 50 mil milhões de dólares. É este o montante que os EUA gastam actualmente no Iraque a cada três meses. Contextualizemos: um sexto deste valor permitiria aos EUA pôr de pé um sistema de Segurança Social robusto para os próximos 50 anos, sem reduzir benefícios nem aumentar as contribuições. "





  • "Se nada mudar, teremos de somar à dívida nacional dos EUA – que rondava os 5,7 biliões de dólares quando Bush assumiu o cargo de presidente – mais 2 biliões de dólares devido à guerra, além dos 800 mil milhões do “consulado” Bush antes da guerra."




  • "... Diferentes grupos de veteranos invocaram a Lei de Liberdade de Informação para poderem ter acesso aos números reais: os feridos totalizaram 15 vezes o número de baixas. Foram diagnosticadas perturbações de ‘stress’ pós-traumático em 52 mil dos veteranos que entretanto regressaram ao país. Estima-se que os EUA tenham de atribuir pensões de invalidez a 40% dos 1,65 milhões de soldados que já serviram no Iraque. Uma despesa que tende a aumentar à medida que a guerra se arrasta e que hoje se cifra em mais de 600 mil milhões de dólares."





  • "... E o recurso a fornecedores privados ajudou a encarecer a factura. Um guarda da Blackwater Security pode custar para cima de mil dólares por dia, valor que não inclui seguro de vida ou pensão de invalidez, pagos pelo governo."





  • "Quando a taxa de desemprego no Iraque disparou para os 60%, fazia todo o sentido recrutar iraquianos. Mas não foi isso que aconteceu. Os fornecedores militares preferiram importar mão-de-obra barata do Nepal, das Filipinas e de outros países. A guerra só teve até agora dois vencedores: as petrolíferas e os fornecedores militares. "





  • "Metade dos médicos iraquianos foram mortos ou abandonaram o país, a taxa de desemprego ronda os 25% e, cinco anos depois de a guerra começar, Bagdade continua a ter electricidade menos de oito horas por dia. Dos 28 milhões que constituem a população iraquiana, 4 milhões são deslocados e 2 milhões fugiram do país."





  • "..No entanto, estudos estatísticos sobre a taxa de mortalidade antes e depois da invasão são esclarecedores: das 450 mil mortes nos primeiros 40 meses de guerra (incluindo 150 mil mortes violentas) atingiu-se recentemente as 600 mil. "