22 de dezembro de 2007

Consequências não esperadas

Eu como muita boa gente, encarámos a subida do preço do petróleo como tendo (entre outras, menos agradáveis) a consequência de tornar mais competitiva a produção de energias renováveis; de incentivar ao investimento na investigação nessa área; de tornar (mais) imperioso os esforços de conservação da energia. Não se terá contado com outras consequências, como as referidas nesta nota publicada no Free exchange Economist.com (ver excerto abaixo). A questão foi levantada, originariamente, num artigo de Daniel Gross, na VOX: Watch the price of carbon (ver também excerto) que conclui que o preço do petróleo não faz parte da solução, mas do problema. A minha única qualificação a isso, é que, provavelmente, teríamos, em qualquer cenário de evolução do preço do petróleo, a China (e a Índia) a explorar o seu (enorme) potencial carbonífero. A ser assim, o resultado (líquido do efeito apontado) de um preço mais elevado do petróleo, faria sempre parte da solução. Ver aqui, a propósito do quadro mais geral da discussão, uma nota recente deste blogue sobre a economia da China.


Free Exchange

"While many developed-nation environmentalists have welcomed dear oil as a
means to slow carbon emissions, Mr Gros points out that costly oil (which is
clean relative to coal) is increasing the extent to which new Chinese power
capacity relies on coal. The two fuels are close substitutes, but coal supply is
far more elastic than oil supply, and the relative price of coal to oil has
steadily dropped in the last decade. China has responded as one would expect,
building most of its massive new power infrastructure to run on coal."

Vox

"Coal’s supply elasticity is much higher than that of oil, so rising demand encourages substitution to dirty coal from cleaner oil – and switching is easy ex ante but hard ex post. In the next 10 years, China will install more power-generation capacity than Europe’s current stock. If it is all coal-burning, emissions will be difficult to reduce for decades. High oil prices are not part of the solution; they are part of the problem. "

PS: Faço hoje, sessenta anos. É oficial: atingi a meia-idade!