25 de janeiro de 2008

A Europa vista dos EUA (I)

Juntei alguns textos que ilustram o modo como a Europa é vista por parte de alguns quadrantes da opinião pública americana - naturalmente, aqueles dizem muito sobre o modo como estes vêem o seu próprio país.


  • Ian Williams, numa crónica no Guardian, no Comment is free: The world according to Wall Street, dá conta de uma crítica feita na revista Foreign Policy (o acesso ao artigo não é grátis) à forma como a economia é ensinada à juventude europeia, acusando o ensino europeu de estar eivado de preconceito anti-capitalista - a consequência seria o alimentar de uma "filosofia europeia de insucesso" traduzida em resultados economicos medíocres no velho continente. O comentário à crítica é certeiro e a história do empresário americano com filiais nos EUA, Escócia e Holanda, exemplar.

  • Outra opinião, na mesma grande linha de percepção do que é Europa nos nossos dias, vem na City (jornal conservador nova-iorquino), a propósito da crítica de um livro de um francês, Pierre Manent, Democracy Without Nations? The Fate of Self-Government in Europe, recentemente publicado nos EUA. Pelo que se percebe o senhor é euro-céptico e, aquilo que diz, é música da melhor para o crítico da City. O que diz são coisas deste jaez: - a construção europeia é um sonho utópico; é anti-nacional; é anti-cristã (...EU's hostile stance towards christian heritage); anti-semita (...dwindling number of european jews ... Europe’s dislike of Israel). A crítica é arrematada com: "The American traditions of egalitarian individualism, distrust of centralized power, and the autonomy of local governments make it unlikely that we will allow some E.U.-like bureaucracy to swallow up our democracy. Yet too many Americans are willing to discard national autonomy for international courts and transnational institutions, run not by free citizens but by unaccountable technocrats. Pierre Manent’s work is a timely reminder of how much we stand to lose if we follow Europe down that road—as well as a heartening reminder that some of our cousins across the Atlantic share our concerns. "

  • Ainda mais uma: o blogue Common Tragedies faz referência ao editorial do Wall Street Journal Energu Roundup, de ontem, onde se comenta a proposta da Comissão Europeia para a regulamentação das emissões de CO2, e considera-o como o pior editorial do dia. O editorial começa assim: "Europe has traditionally leaned toward big, and often scary, answers to perceived problems: socialism, communism, fascism, the European Union, the Eurovision song contest. Its latest stab at tackling climate change with a new carbon-emissions trading framework is no different. But is that the best approach to fighting global warming?"

  • A opinião de Paul Krugman: The Comeback Continent - New York Times, sobre a situação da economia europeia, funciona como contraponto a tudo isso e complementa a opinião do comentário do Guardian (primeiro ponto): "According to the anti-government ideology that dominates much U.S. political discussion, low taxes and a weak social safety net are essential to prosperity. Try to make the lives of Americans even slightly more secure, we’re told, and the economy will shrivel up — the same way it supposedly has in Europe. But the next time a politician tries to scare you with the European bogeyman, bear this in mind: Europe’s economy is actually doing O.K. these days, despite a level of taxing and spending beyond the wildest ambitions of American progressives."

Sem comentários: