10 de março de 2008

Educação em Portugal (IV)

Fernando Freire de Sousa, numa coluna no Diário Económico, Má educação, chamou-me a atenção para este artigo do The Economist, Education: How to be top. Este artigo refere um relatório da McKinsey sobre a educação, How the World's Best-Performing School Systems Come Out on Top, (pode ser acedido aqui) - as recomendações são, nalguns casos, inesperadas: "...Schools, it says, need to do three things: get the best teachers; get the best out of teachers; and step in when pupils start to lag behind. That may not sound exactly “first-of-its-kind” (which is how Andreas Schleicher, the OECD's head of education research, describes McKinsey's approach): schools surely do all this already? Actually, they don't. If these ideas were really taken seriously, they would change education radically." Será desnecessário referir o interesse em ler o artigo todo - tem informação excepcional e relevante para a percepção do que está mal com a educação em Portugal.

O último parágrafo da coluna de Fernando Freire de Sousa, sintetiza alguns dos aspectos mais curiosos referidos naquele artigo do The Economist: "Nesta conformidade, o artigo acima referido avança ensinamentos pertinentes para pensar uma mudança radical na educação, quer ao contrariar ideias feitas (como as de que o sucesso dependeria do envolvimento de mais dinheiro ou da consagração de mais tempo ao estudo) quer ao apontar as três recomendações de um recente trabalho da McKinsey ... E, após revelar tópicos comuns aos países líderes – na Finlândia, os novos professores têm de dispor do grau de mestre, a profissão beneficia de um elevado estatuto social e existem fundos importantes para formação; na Coreia, os docentes primários têm de obter uma licenciatura de 4 anos em uma de 12 universidades indicadas e são recrutados de entre os 5% melhores graduados; no Japão, a reforma de um professor deixa atrás de si um “legado” –, conclui: “conseguir bons professores depende de como eles são seleccionados e formados; o ensino pode tornar-se uma escolha de carreira para graduados de topo sem se ter de pagar uma fortuna; com as políticas certas, as escolas e os alunos não estão condenados a ficar para trás.” Três boas notícias para quem não queira vergar-se a um fatalismo conservador e imobilista…"

Três notas:

  1. Para que fique claro - não tenho de modo algum a certeza se as reformas em curso na educação, em Portugal, (desconfio que será necessário muito mais - veja-se o que se passa lá fora) serão as suficientes para inverter a nossa situação calamitosa nesse domínio; serão, quanto muito, no mínimo, as necessárias para fazer arrancar o processo - por isso, não posso deixar de estar ao lado da Ministra, na defesa dos princípios que enuncia.
  2. Só vi a parte final do programa da Maria Elisa, Depois do Adeus, dedicado à Educação. Daquilo que vi, e para variar, fiquei com pena de o não ter visto por inteiro.
  3. A crónica de Nuno Tomé, no Açoriano Oriental de hoje, sobre esta temática, Avaliação, é impecável.

PS(1): Estou a por a leitura dos blogues em dia. Alguns apontamentos interessantes nesta vertente: Autoridade e hierarquia, no Blasfémias e Avaliação e burocracias no Rabbit's blog.

PS(2): Vital Moreira no Causa Nossa recomenda a leitura, no Portal do Governo, das Perguntas Frequentes sobre a Avaliação dos Professores (aqui). N'A Aba da Causa pode ler-se o seu artigo sobre a manifestação dos professores (aqui). A Causa Nossa tem um conjunto de pequenos apontamentos, e de links a outros blogues, sobre tudo isto, que merecem ser lidos.

PS(3): Uma crítica à Ministra que os professores deveriam ler e reflectir - artigo de João Miranda, no Diário de Notícias, Ensino Centralista. Isto bem poderá ser o futuro - se o sistema tal como está não der resposta. Na Educação como na Saúde, os sindicatos deveriam defender as reformas deste Governo, mais que não fosse (na sua perspectiva) como um mal menor - as alternativas poderão ser muito mais desagradáveis (na sua perspectiva). Uma dúvida - alguns sectores (como este articulista) acusam o Governo de querer manter uma estrutura centralizada na Educação, mas já ouvi a Ministra falar a favor da descentralização e da devolução de autonomia às escolas: em que é que ficamos? A aprofundar!

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