Estou de acordo com muito do que João Cardoso Rosa diz em Transformação - DiarioEconomico.com sobre o que representa a eleição de Obama.
Diz nomeadamente o seguinte: "Obama tem a vantagem de cortar claramente com os anos de chumbo de Bush e com uma presidência marcada, como escrevia esta semana o “Economist” em editorial, por “incompetência, compadrio e extremismo”. A candidatura de McCain parecia prolongar isto mesmo, não tanto pelo próprio candidato, que é uma figura venerável, mas mais pela sua associação com o extremismo da direita religiosa, através de Sarah Palin. Esta representava o pior da América: uma mistura de arrogância e ignorância, credulidade e preconceito, astúcia e moralismo" - e muito mais poderia ser acrescentado para substantivar o juízo do Economist referido acima: neste blogue há material mais que suficiente sobre isso.
Bastaria só que Obama reconduzisse a política norte-americana a um nível normal de actuação, repusesse a "legalidade" política democrática (ver aqui) para que o ganho, em termos do futuro, fosse já significativo (1) - a Administração Bush não só não fez, como sabotou o trabalho daqueles que queriam fazer, por cegueira ideológica e por compadrio de interesse: os 8 anos de Bush impuseram aos EUA um regime de excepção (ver aqui). Mas aquele ganho pode ser extraordinário se, tão-somente, Obama - que fala do "planeta em perigo" - venha a concretizar o seu programa sobre a política energética e sobre a resposta aos problemas do aquecimento global (ver aqui). Isso iria, por exemplo, potenciar e aprofundar todo o esforço, já em curso, a esse nível, por parte do mundo empresarial e científico norte-americano (vejam, por exemplo, aqui o que se passa a nível da procura de novas soluções tecnológicas e de negócio; e também aqui noutra perspectiva). As implicações destas políticas em termos da transformação da economia dos EUA iriam ser também decisivas (vejam, por exemplo, aqui uma nota do Gristmill, de hoje).
Mas há mais, não particularmente transformativo, quase prosaico, para tornar os resultados desta nova Administração memoráveis: por exemplo, a recuperação e o desenvolvimento infraestrutural dos EUA, a saúde. ... E há mais exemplos.
A tese que estou a defender, é a de que a Administração Obama tem todas as condições para ter um saldo positivo muito significativo. Conseguindo-o, e se por acréscimo, se concretizarem parte de todos os aspectos "transformativos" equacionados por muitos, Obama pode alcandorar-se a um lugar cimeiro no panteão norte-americano. Donde, não se necessita dos avisos de cautela, mais ou menos cépticos, mais ou menos realistas, sobre aquilo que se pode esperar de Obama.
Eu espero "pouco", mas esse "pouco" é determinante para o futuro dos EUA e do mundo.
Não necessito que me previnem a mim, que sou de esquerda, que a religião irá continuar a ter importância com a nova Administração - eu espero é que os doidos fanáticos da direita religiosa dos EUA - os criacionistas, etc. etc. - não tenham acolhimento na Casa Branca e determinem a agenda científica do Governo dos EUA.
Não necessito que me previnem a mim, que sou de esquerda, que os EUA irão continuar a intervir militarmente quando acharem necessário (Irão, por exemplo, embora ache essa possibilidade tétrica) - eu espero é que, tal acontecendo, seja feita como último recurso, não em cumprimento de agendas retrocidas, e com competência.
E não necessito que me previnem que irá ser difícil (ver aqui).
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(1) Grasping Reality with Both Hands: The Semi-Daily Journal Economist Brad DeLong: "We can finally have normal politics and policymaking again. That's not a tremendous accomplishment, is it?"
__________________________________ Diz nomeadamente o seguinte: "Obama tem a vantagem de cortar claramente com os anos de chumbo de Bush e com uma presidência marcada, como escrevia esta semana o “Economist” em editorial, por “incompetência, compadrio e extremismo”. A candidatura de McCain parecia prolongar isto mesmo, não tanto pelo próprio candidato, que é uma figura venerável, mas mais pela sua associação com o extremismo da direita religiosa, através de Sarah Palin. Esta representava o pior da América: uma mistura de arrogância e ignorância, credulidade e preconceito, astúcia e moralismo" - e muito mais poderia ser acrescentado para substantivar o juízo do Economist referido acima: neste blogue há material mais que suficiente sobre isso.
Bastaria só que Obama reconduzisse a política norte-americana a um nível normal de actuação, repusesse a "legalidade" política democrática (ver aqui) para que o ganho, em termos do futuro, fosse já significativo (1) - a Administração Bush não só não fez, como sabotou o trabalho daqueles que queriam fazer, por cegueira ideológica e por compadrio de interesse: os 8 anos de Bush impuseram aos EUA um regime de excepção (ver aqui). Mas aquele ganho pode ser extraordinário se, tão-somente, Obama - que fala do "planeta em perigo" - venha a concretizar o seu programa sobre a política energética e sobre a resposta aos problemas do aquecimento global (ver aqui). Isso iria, por exemplo, potenciar e aprofundar todo o esforço, já em curso, a esse nível, por parte do mundo empresarial e científico norte-americano (vejam, por exemplo, aqui o que se passa a nível da procura de novas soluções tecnológicas e de negócio; e também aqui noutra perspectiva). As implicações destas políticas em termos da transformação da economia dos EUA iriam ser também decisivas (vejam, por exemplo, aqui uma nota do Gristmill, de hoje).
Mas há mais, não particularmente transformativo, quase prosaico, para tornar os resultados desta nova Administração memoráveis: por exemplo, a recuperação e o desenvolvimento infraestrutural dos EUA, a saúde. ... E há mais exemplos.
A tese que estou a defender, é a de que a Administração Obama tem todas as condições para ter um saldo positivo muito significativo. Conseguindo-o, e se por acréscimo, se concretizarem parte de todos os aspectos "transformativos" equacionados por muitos, Obama pode alcandorar-se a um lugar cimeiro no panteão norte-americano. Donde, não se necessita dos avisos de cautela, mais ou menos cépticos, mais ou menos realistas, sobre aquilo que se pode esperar de Obama.
Eu espero "pouco", mas esse "pouco" é determinante para o futuro dos EUA e do mundo.
Não necessito que me previnem a mim, que sou de esquerda, que a religião irá continuar a ter importância com a nova Administração - eu espero é que os doidos fanáticos da direita religiosa dos EUA - os criacionistas, etc. etc. - não tenham acolhimento na Casa Branca e determinem a agenda científica do Governo dos EUA.
Não necessito que me previnem a mim, que sou de esquerda, que os EUA irão continuar a intervir militarmente quando acharem necessário (Irão, por exemplo, embora ache essa possibilidade tétrica) - eu espero é que, tal acontecendo, seja feita como último recurso, não em cumprimento de agendas retrocidas, e com competência.
E não necessito que me previnem que irá ser difícil (ver aqui).
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(1) Grasping Reality with Both Hands: The Semi-Daily Journal Economist Brad DeLong: "We can finally have normal politics and policymaking again. That's not a tremendous accomplishment, is it?"
PS (08.11.07): Mais sobre a ligação entre economia e as novas políticas de energia e do ambiente: After the election: What clean energy can do for America Gristmill: The environmental news blog Grist.
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