As reacções dos economistas de esquerda norte-americanos que mais acompanho, ao discurso de Obama, "the state of Union",
não poderia ter sido mais negativa (e não estou só a falar de Krugman,
mas de outros que optaram por Obama, logo nas primárias). A razão
prende-se com aquilo que anunciou quanto à política orçamental a seguir
em 2010, e anos seguintes, que tem na contenção do défice um dos seus
aspectos centrais. A tese desses economistas foi sempre que o estímulo
governamental (e como consequência, o défice) deveria ter sido maior,
não podendo já ser descontinuado devido ao desemprego elevado e à
fragilidade da retoma, e argumentando que não existe perigo (para já)
de haver tensões inflacionistas criadas pelo política económica até
agora seguida. É preciso ter em conta que a situação dos EUA é muito
diferente da verificada em Portugal - nomeadamente, a dívida
norte-americana é remunerada a taxas muito baixas.
No
que se segue, dá-se conta dessas reacções (que têm aliás uma componente
de crítica à actuação política do Presidente) e chama-se a atenção para
um interesse maior, num ou noutro caso. A última referência diz
respeito a uma decisão do Supremo Tribunal dos EUA quanto à
possibilidade, a partir de agora, dos interesses corporativos poderem
financiar o sistema partidário como um indivíduo qualquer - para esse
efeito é-lhes reconhecida personalidade jurídica. A importância, e o
perigo, disso são claras. A disfuncionalidade do sistema político
norte-americano - os "checks and balances" não funcionam para o poder económico - irá ser potenciado. O epíteto de plutocrata à democracia norte-americana tem cada vez mais todo o sentido.
- This Is Such a Disaster in the Making II - Grasping Reality with Opposable Thumbs(remete para um artigo muito interessante do blogue do The Economist).
- Econbrowser: A budget freeze? (tem pistas para aquilo que deveria ser feito quanto ao quadro da condução da política orçamental portuguesa)
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