28 de janeiro de 2010

Enquanto isso, nos EUA ...

As reacções dos economistas de esquerda norte-americanos que mais acompanho, ao discurso de Obama, "the state of Union", não poderia ter sido mais negativa (e não estou só a falar de Krugman, mas de outros que optaram por Obama, logo nas primárias). A razão prende-se com aquilo que anunciou quanto à política orçamental a seguir em 2010, e anos seguintes, que tem na contenção do défice um dos seus aspectos centrais. A tese desses economistas foi sempre que o estímulo governamental (e como consequência, o défice) deveria ter sido maior, não podendo já ser descontinuado devido ao desemprego elevado e à fragilidade da retoma, e argumentando que não existe perigo (para já) de haver tensões inflacionistas criadas pelo política económica até agora seguida. É preciso ter em conta que a situação dos EUA é muito diferente da verificada em Portugal - nomeadamente, a dívida norte-americana é remunerada a taxas muito baixas.

No que se segue, dá-se conta dessas reacções (que têm aliás uma componente de crítica à actuação política do Presidente) e chama-se a atenção para um interesse maior, num ou noutro caso. A última referência diz respeito a uma decisão do Supremo Tribunal dos EUA quanto à possibilidade, a partir de agora, dos interesses corporativos poderem financiar o sistema partidário como um indivíduo qualquer - para esse efeito é-lhes reconhecida personalidade jurídica. A importância, e o perigo, disso são claras. A disfuncionalidade do sistema político norte-americano - os "checks and balances" não funcionam para o poder económico - irá ser potenciado. O epíteto de plutocrata à democracia norte-americana tem cada vez mais todo o sentido. 
  • Econbrowser: A budget freeze? (tem pistas para aquilo que deveria ser feito quanto ao quadro da condução da política orçamental portuguesa) 
 

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