22 de fevereiro de 2010

Escutas

Aquilo que Vitorino diz tem de ser relevado. Não se trata só da violação do segredo de justiça - isso terá toda a gravidade que lhe queiram apontar - mas, da violação do segredo de justiça selectiva, parcial, com objectivo de manipulação, e no cumprimento de agendas comunicacionais "recatadas", e à margem do jogo público democrático. E se face a uma violação do segredo de justiça integral, que expusesse à vista de todos pecados privados com implicações públicas graves, não se poderia esconder a cabeça na areia - vamos admiti-lo como questão de bom senso - como é que a violação do segredo de justiça selectiva não provoca da parte dos "opinion makers" uma denúncia inequívoca? E essa abstenção de actuação não é, igualmente, grave e significativa? - Ou será que Vitorino treslê?

A consequência, verão, daquilo que António Vitorino designa de descrédito do sistema, será mais do mesmo no futuro, e aquilo que uns fazem hoje com mais eficácia, será feito pelos outros - o ataque ao carácter como arma de ataque político, veio para ficar e a democracia pagará por isso. Na verdade, uma razão  básica e estrutural para esse tipo de actuação, para além da importância que quiserem imputar à deficiência de valores, é o analfabetismo de banda larga de grande parte da classe política portuguesa  - é a tecnologia de actuação política a que conseguem aceder - que, aliás, não destoa de tudo o resto, convenhamos.

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