5 de março de 2010

Leituras sobre a Grécia, Portugal, sindicatos e por aí adiante

Sobre a Grécia:
  • É hora da Europa mostrar o que vale | Económico: "Ao longo das últimas semanas ou mesmo meses, a Grécia sofreu rudes ataques dos mercados financeiros. Muito por culpa do desleixo e mesmo da desonestidade orçamental grega dos últimos anos. Mas também porque estes ataques à Grécia são também ataques a uma união monetária que nasceu sem os instrumentos económicos que lhe permitissem funcionar como tal e que empurram para a primeira linha das balas os mais fracos dessa pretensa união. Não é, no entanto, apenas por falta de instrumentos económicos que esta União não funciona. O que o caso grego e as declarações de alguns dos mais altos responsáveis da Alemanha vieram mostrar é que esta união monetária e económica não é mais do que isso mesmo. Não há qualquer tipo de co-responsabilização entre os Estados quando um dos seus parceiros se encontra em apuros. Ou quando esta solidariedade funciona, funciona apenas num sentido. Foi, aliás, esta estranha espécie de solidariedade que se verificou ao longo dos últimos anos. A Alemanha, por exemplo, sempre muito zelosa da disciplina orçamental, nunca revelou preocupações quando os países do sul, através de um consumo interno insustentável, importavam e importavam da Alemanha permitindo à economia que serve de locomotiva à Europa crescer. Com esse crescimento, a Alemanha puxava o resto da Europa e também os países do sul que, dessa forma, iam conseguindo esconder a trajectória para o abismo em que se encontravam. Mas o ciclo virtuoso fechou-se. E agora volta-se à disciplina orçamental."
Sobre os sindicatos:
  • arquivo: A miséria do sindicalismo: Pedro Adão e Silva, A miséria do sindicalismo 'A greve na função pública é apenas a preparação da ampliação da luta.' Foi assim que Carvalho da Silva antecipou a greve de ontem, em entrevista ao 'Diário Económico'. Não espanta: na mesma entrevista classificou o acordo tripartido alcançado na Irlanda como resultante de uma 'cultura diferente' e classificou o apelo à negociação como uma 'treta' (sic)."
  • A greve | Económico: "Partamos de um PIB de 100 que subiu para 105 e admitamos que os factores produtivos apenas justificam uma subida de 3. Os outros 2 são ganhos de produtividade. Do capital ou do trabalho? Não se sabe. Sabe-se que são ganhos comuns aos factores. Mas há uma forma indirecta de resolver o problema, que é medir o peso dos salários no PIB. Se o peso relativo se mantém é porque os salários incorporam os ganhos proporcionais. Sucede que, entre nós, este peso está a subir e atingiu 53% em 2009 - o mais alto da Zona euro. Conclusão: os salários subiram de mais. Estes números referem-se ao universo do país. Mas, de acordo com um estudo recente do Banco de Portugal, que compara remunerações médias com níveis idênticos de qualificações, os trabalhadores do sector público auferem em média 17% mais do que os do sector privado. É um cenário injusto. E teria bastado ao Governo igualar os dois sectores para reduzir em dois pontos percentuais o défice previsto para 2010. A greve foi de uma enorme falta de senso."
Sobre nós (e os outros):
  • Hoje somos todos gregos | Económico: "Ser comparado à Grécia – a deficitária e endividada Grécia – era o pior pesadelo que poderia acontecer a uma nação valente e imortal como a nossa. Era, mas já não é. De um dia para o outro, a Grécia tornou-se um modelo de disciplina orçamental e coragem política. O primeiro-ministro grego anunciou que vai congelar pensões, cortar 5% em todo o investimento público, aumentar impostos e cortar 30% nos salários do 13º e 14º mês. A contestação na rua não demoveu a liderança política. 'É um esforço impressionante', clamam os analistas, perante os sinais de aprovação da Comissão Europeia. A nós, que só queríamos distância dos gregos, convinha-nos agora o mesmo reconhecimento do mercado. E, já agora, a mesma fibra dos políticos gregos. A dias da apresentação do PEC, oxalá possamos ser comparados com eles."

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