O artigo abaixo de João Cardoso Rosa - que deveria ser lido na totalidade - vem de encontro àquilo que penso sobre as reacções generalizadas contra as medidas de austeridade.
Uma coisa é ficarmos indignados sobre o curso dos acontecimentos que nos levaram à presente situação, e exigirmos responsabilidades - o que deveria, de modo concomitante, determinar um esforço de perceber o que realmente sucedeu, e ao sobpesar de todas as responsabilidades e causas em presença, quando estas são mais extensas, diversificadas e inesperadas, do que a maioria das pessoas pensa. Outra coisa é perceber que corremos o risco de o que se segue poder ser muito pior para todos, sem excepção, donde dever-se encarar essas medidas como um seguro desagradável para evitar esse outro e, ainda, muito possível cenário.
O Vasco Pulido Valente disse uma vez que daria 90% do seu ordenado para não viver no Gana - a esmagadora maioria dos cidadãos não percebe a terrível lógica disso. Obviamente, há os que afirmam que seria possível, com uma dose simpática de sensibilidade social, fazer diferente: vamos esperar sentados que explicitam o que deveria ser feito.
NIMBY | Económico: "O conceito NIMBY (‘not in my back yard’) foi criado no âmbito das questões urbanísticas e ambientais. Ele refere-se aos casos em que as mesmas populações que favorecem um determinado projecto – uma fábrica, um aterro sanitário, etc. – não estão dispostas a aceitá-lo, por assim dizer, no seu quintal.
Ora, este mesmo conceito pode ser aplicado a uma grande parte das reacções adversas às medidas de austeridade em curso. São muitas vezes aqueles que mais criticam a 'gordura' do Estado e preconizam o seu 'emagrecimento' que, quando confrontados com o facto da austeridade no seu próprio quintal, reagem com maior violência.
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PS: O artigo termina assim: "Mas enfim, esta é a essência do conceito NIMBY:
recusar liminarmente aquilo que afecta negativamente os nossos
interesses particulares, embora se defenda isso mesmo em abstracto, ou
quando está apenas em causa o quintal dos outros."
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