.... Há muita gente na sociedade portuguesa que defende esta ideia, no sentido da passagem do número actual de 230 para o mínimo constitucional de 180. Oponho-me a esta proposta e gostaria de explicar porquê.
Os defensores da redução do número de deputados costumam avançar dois argumentos: o da poupança de dinheiros públicos e o da fraca qualidade da maioria dos nossos deputados, o que os torna dispensáveis. Ora, a poupança de algumas dezenas de salários de deputados seria absolutamente negligenciável no OE e praticamente não afectaria as restantes verbas de funcionamento da Assembleia da República. Mas o mais importante é que, com a redução do número de deputados, a consequência natural não seria a saída dos piores mas, bem pelo contrário, a saída dos melhores, daqueles que entram pelo seu mérito e não por fazerem parte dos aparelhos partidários. Ou seja, os defensores da redução do número de deputados fazem-no no pressuposto ingénuo de que isso levaria à melhoria da qualidade média dos deputados mas, na minha opinião, o resultado seria exactamente o contrário.
Há ainda um outro argumento de importância: o parlamento é o lugar onde está representado o país e é necessário que espelhe a sua diversidade regional, ideológica, opinativa, etc. ....
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