3 de junho de 2011

"Elogio dos indecisos"

João Cardoso Rosas é da esquerda, do meu tipo de esquerda, e eu gosto, a esmagadora maioria das vezes, daquilo que escreve, como acontece com aquilo que diz abaixo. Faria algumas qualificações, mas não me vou dar a esse trabalho - entraria na zona de rendimentos decrescentes.O artigo deve ser lido na totalidade já que, ao fim, continua a dizer coisas interessantes. Daqui se perceberá, de modo claro, como vou votar no próximo domingo.


Em teoria, as eleições servem para julgar aqueles que exerceram o poder, especialmente se governaram mal e merecem ser censurados e, ao mesmo tempo, substituí-los por outros, por uma alternativa melhor. Porém, na prática, as coisas podem complicar-se.

Julgo que a maior parte dos indecisos convirá que Sócrates e a sua governação - pelo menos entre 2008 e 2011 - merecem censura e que uma derrota eleitoral seria o pagamento adequado por aquilo que foi feito. O Governo do PS não podia ter evitado a crise internacional, mas poderia tê-la encarado com realismo, com transparência e a tempo de evitar a ajuda externa, ou então de a solicitar em melhores condições e não ‘in extremis'. É por isso que muitos dos que se situam no centro ou no centro-esquerda e costumam votar PS têm pudor em fazê-lo no próximo domingo.

Mas parece-me igualmente que a maior parte dos indecisos concordará com a ideia de que o PSD de Passos Coelho não é alternativa credível. Não é credível quem se rodeia de um punhado de neoliberais e outros alucinados, não é credível quem escolhe para futuro ministro das finanças alguém em permanente descontrolo emocional, não é credível quem diz uma coisa de manhã e o contrário à tarde, não é credível quem relança agora - por puro oportunismo político - a questão do aborto, e por aí adiante. É por isso que os descontentes com Sócrates - mesmo aqueles que se situam no centro-direita - têm enorme receio em relação a uma alternativa liderada por Passos Coelho. [continuar a ler....]

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