11 de dezembro de 2011

Não deveríamos estar todos de acordo com isto? Infelizmente, não estamos - a dúvida está em saber porque assim acontece...


... os grandes problemas na gestão política raramente têm a ver com a escolha entre o bem e o mal. Surgem sobretudo quando se está perante a escolha entre dois males. Quando assim é, são necessárias pelo menos duas cautelas. Primeiro, uma cuidada aferição da malignidade de cada opção, por forma a identificar, com razoável clareza, qual o mal menor e o mal maior.

Segundo, a clarividência necessária para não sucumbir ao fundamentalismo moralista de considerar que mal é mal e, como tal, ambos devem ser recusados, pois a escolha de qualquer deles implicaria sempre a cedência ao mal e, como tal, seria sempre "pecaminosa". Esse fundamentalismo não só é perigoso, do ponto de vista prático - pelas consequências potencialmente desastrosas a que pode conduzir -, como é moralmente errado, porque assenta num vício de raciocínio. O vício desse fundamentalismo consiste em supor que, recusando-se escolher um dos males, se isenta da responsabilidade moral pelas consequências supervenientes. Ora, este é um entendimento profundamente errado do dever moral. Sempre que se está perante uma escolha, está-se perante uma decisão ética (por natureza e definição), não existindo, por isso, nenhum caminho moralmente des-responsabilizante. Mesmo a suposta "não escolha" é sempre uma escolha e influencia o curso dos acontecimentos. Constitui, por isso, responsabilidade moral para quem a pratica. 

Mais concretamente e no caso em que se esteja perante dois males, a recusa de escolher activamente o mal menor, implica irrecusavelmente a escolha - "passiva", mas escolha! - do mal maior. A responsabilidade pelo resultado é, pois e sempre, moralmente iniludível, por mais que se pretenda purificar a atitude de recusar escolher. Pense-se no que teria acontecido à Europa e ao Mundo, se as democracias ocidentais tivessem recusado o mal menor - aliança com Estaline - na segunda guerra mundial...

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