Duas notas sobre as eleições nos EUA

Pois é! Tinha prometido não falar das eleições americanas até 19 de Janeiro (primárias no Nevada) - já faltei ao compromisso uma vez - mas não consigo resistir (mais uma vez) a referir estas duas:

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  Mike Huckabee - (aquele, que sendo eleito, me obrigaria a desejar mudar de planeta) - quer alterar a constituição dos EUA de modo a ficar mais conforme com a Bíblia. Vejam a notícia aqui e pelo menos uma reacção a isso (num inglês forte) no blogue Pharyngula. Continuo a não acreditar que seja nomeado, mas o facto de ser um dos candidatos que continua na corrida - devido a significativo apoio popular: de quem pensa o mundo como ele - e com resultados respeitáveis, sublinha a latitude e implicações do fenómeno. Vejam, o que se diz sobre a gravidade de tudo isso, neste artigo de Chris Hedges, The Evangelical Rebellion (tirado do RichardDawkins.net - também esta vem a propósito) e nesta nota no American Prospect, The fundamental list. A frase de Mike Huckabee é: "I have opponents in this race who do not want to change the Constitution... But I believe it's a lot easier to change the Constitution than it would be to change the word of the living god. And that's what we need to do -- to amend the Constitution so it's in God's standards rather than try to change God's standards so it lines up with some contemporary view." Como é bom de ver, isto também cruza com a deriva de direita, ideológica e política, dos EUA nas últimas duas décadas (ver aqui).
  

• A outra - dedico-a aos meus amigos da esquerda que têm nele todas as esperanças - tem a ver como Barack Obama vê os mandatos de Ronald Reagan - é muito significativo e valida aquilo que tem sido dito aqui. A nota e o excerto é da Open Left: Open Left:: Obama's Admiration of Ronald Reagan: "There are many reason progressives should admire Ronald Reagan, politically speaking. He realigned the country around his vision, he brought into power a new movement that created conservative change, and he was an extremely skilled politician. But that is not why Obama admires Reagan. Obama admires Reagan because he agrees with Reagan's basic frame that the 1960s and 1970s were full of 'excesses' and that government had grown large and unaccountable." Só referir um aspecto: durante os mandatos de Clinton foi feito um esforço notável de reforma, de reorganização e obtenção de ganhos de eficiência e eficácia, na administração pública norte-americana - quem liderou esse trabalho? Al Gore - o relatório está publicado em Portugal, "Da Burocracia à eficácia - reinventar a administração pública", Quetzal Editores, 1994.