30 de janeiro de 2008

Que diplomacia devem ter os EUA no séc. XXI?

A quantidade de vezes que utilizo a palavra "interessante" para qualificar a necessidade de ler alguma coisa (sim, eu tenho perfeita consciência disso) tem um efeito perverso - a recomendação assim denominada perde eficácia. Daí a necessidade de ser cada vez mais enfático e, um tanto ou quanto (na vossa opinião!) hiperbólico. Neste caso, vou tentar ser contido - que os factos falem por si.



Isto vem a propósito de um artigo que devem (obrigatoriamente, é óbvio) ler, no New York Times, de Parag Khanna, Waving Goodbye to Hegemony. É um artigo sobre a geo-estratégia do século XXI; de como será determinada pelas actuações diferentes dos EUA, da Europa, da China, e das respostas pró-activas dos chamados "países do segundo mundo" a essa situação; de como a diplomacia dos EUA deve actuar - essa é uma parte bastante sugestiva por aquilo que indicia das limitações actuais dessa diplomacia; de como o "excepcionalismo" norte-americano deve ser "disciplinado", etc.. Tem muito mais - é longo. O artigo tem um carácter marcado de análise prospectiva - por isso gostaria que examinasse tudo isso, à luz da pergunta inevitável: - e se as consequências das alterações climáticas acontecerem mais rapidamente e com intensidade, em que é que isso muda a reflexão?


Alguns excertos, colhidos sem grande preocupação de selecção - só para aguçar o apetite:


  • "To understand the second world, you have to start to think like a second-world country. What I have seen in these and dozens of other countries is that globalization is not synonymous with Americanization; in fact, nothing has brought about the erosion of American primacy faster than globalization. While European nations redistribute wealth to secure or maintain first-world living standards, on the battlefield of globalization second-world countries’ state-backed firms either outhustle or snap up American companies, leaving their workers to fend for themselves. The second world’s first priority is not to become America but to succeed by any means necessary."
  • "The self-deluding universalism of the American imperium — that the world inherently needs a single leader and that American liberal ideology must be accepted as the basis of global order — has paradoxically resulted in America quickly becoming an ever-lonelier superpower. Just as there is a geopolitical marketplace, there is a marketplace of models of success for the second world to emulate, not least the Chinese model of economic growth without political liberalization (itself an affront to Western modernization theory). As the historian Arnold Toynbee observed half a century ago, Western imperialism united the globe, but it did not assure that the West would dominate forever — materially or morally."
  • "The web of globalization now has three spiders. What makes America unique in this seemingly value-free contest is not its liberal democratic ideals — which Europe may now represent better than America does — but rather its geography. America is isolated, while Europe and China occupy two ends of the great Eurasian landmass that is the perennial center of gravity of geopolitics."

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