15 de fevereiro de 2008

Economicismo no SNS

Teodora Cardoso, no DiarioEconomico.com, no apontamento As boas intenções, discute boas intenções; a opinião de Santana Lopes sobre como utilizar o excedente da Segurança Social; a opinião do Presidente do Governo Regional dos Açores sobre a inadequação do conceito da sustentabilidade do SNS (tenho de começar a ver as entrevistas televisivas do senhor PGRA - diz coisas interessantes, embora, nem por isso inesperadas); o economicismo; a instrumentalição das boas intenções à segmentação e esvaizamento do SNS.
O apontamento é suficientemente bom para me dispensar de dizer mais alguma coisa - termina com uma citação: "... o inferno é a verdade que reconhecemos tarde demais." Com a frase do The Economist: "... a complacência será o pecado mortal do século XXI", esta frase poderá servir de sub-título a qualquer enunciado dos meus variados receios sobre muito do que se passa neste mundo de Deus.









Alguns excertos para induzir a leitura (ver ainda os apontamentos sob a etiqueta saúde) :






"Há muito que a sabedoria popular ensina que de boas intenções está o inferno
cheio. Modernamente, porém, ela tem vindo a ser substituída pelos ‘slogans’ do
‘marketing’ político e pela “cultura” da televisão berlusconiana e do jornalismo
murdochiano. A capacidade de pensar especializou-se aí em embotar o
discernimento do eleitorado, alimentando-o de ideias feitas e de “factos”
destinados a comprová-las, exacerbando temores e sentimentalismos superficiais e
rejeitando qualquer análise racional capaz de levar à solução dos problemas de
que este novo Leviatã se alimenta."



"No fim de semana, foi a vez do presidente do Governo regional dos Açores
exigir, numa entrevista televisiva, que lhe explicassem o que se pretende com a
sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, um conceito que considera
deslocado, uma vez que a Saúde é algo para que terá sempre de haver dinheiro."



"As boas intenções que se insurgem contra o “economicismo” são o mais poderoso
instrumento a favor dos que pretendem um SNS segmentado, com serviços
dispendiosos – que o Estado só terá meios de pagar se forem restringidos ao uso
de uma minoria – ao lado de uma rede alargada de serviços “de conforto”,
aplaudidos pela população que ainda não precisou de cuidados de saúde a sério,
mas que pouco têm a ver com os requisitos da medicina moderna."

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