14 de março de 2008

Crise económica nos EUA é sinónimo de crise económica mundial?

A conjuntura económica, particularmente em situações como a que vivemos, é sempre uma mistura de déjà vu e do inesperado. A razão é simples: existem regularidades no comportamento das variáveis macro e microeconómicas face a estímulos e incentivos similares; mas, a contrário, o contexto é histórico; o enquadramento, institucional e internacional, altera-se; existe mudança tecnológica; etc. Por um lado, existem situações conjunturais semelhantes a ocorridas no passado, e é possível, na base dos erros cometidos e do que se aprendeu com eles, dar resposta eficaz e atempada (e.g., a crise de 1929 versus as seguintes); mas, existe, sempre, a possibilidade, que o cocktail de evoluções, de influências e decisões que formatam uma dada situação conjuntural, origine o inesperado (e.g., a estagflação na década de 70).


A dúvida em relação ao presente, é a de saber até que ponto os remédios habituais da política económica resolvem ou não, de modo eficaz e com custos sócio-económicos "normais", a actual crise norte-americana (isto é, a dúvida reside - lido de outra forma - no grau de "novidade", de "inesperado", que a conjuntura comporta) - a comprová-lo, temos a discussão acessa sobre o que deve ser feito. Uma outra questão, na mesma linha, tem a ver com a capacidade de contaminação que a crise norte-americana terá sobre o resto da economia mundial - aqui, também, a questão está longe de estar resolvida na percepção dos economistas do que se passa, na medida, em que se questiona, de novo, se o nivel de "novidade" presente na economia mundial (e.g., a Zona do Euro e as economias emergentes) será suficiente para esperarmos o decoupling (a separação) da evolução da economia norte-americana e a do resto do mundo.
O conjunto de artigos inventariados aqui abordam esta segunda questão (ver outras notas sobre esta matéria sob a etiqueta conjuntura económica). Como é bom de ver, esta é muito importante para a Europa e para o país:

  • Emerging markets The decoupling debate Economist.com: "A severe recession in America could still have a nasty impact on the developing world if commodity prices collapsed and if it caused stockmarkets to fall more steeply, depressing global consumer and business confidence. A sharper fall in the dollar could also further squeeze emerging economies' exports. But for perhaps the first time ever, developing countries would be able to make full use of monetary and fiscal policy to cushion their economies. In the past, when they were net foreign borrowers, capital inflows tended to dry up during global downturns as foreign investors shunned risky assets. This forced governments to raise interest rates and tighten fiscal policy. Economies with large external deficits, such as South Africa, Turkey and Hungary, are still vulnerable. But most emerging economies now have a current-account surplus and large foreign reserves; many have a budget surplus or are close to balance, leaving ample room for a fiscal stimulus if necessary."
  • Foreign Policy: The Recession Felt Around the World: "In an era of globalization, no country is immune when the United States falls onto hard times. Here’s a look at how economies elsewhere will fare."
  • Pop! Free exchange Economist.com: "Other signs demonstrate the resilience of the global economy. European exports haven't withered, despite an epic rise in the European currency. The bellwether Baltic Dry Goods index has come off its January lows and isn't looking back. And critically, the top performing American corporations are those with substantial overseas exposure:"
  • Above the fold Free exchange Economist.com: "A strong euro isn't placing too large a burden on Germany's economy. German exports increased 3.8 percent in January, helping to buoy the Eurozone economy. France and Italy also surprised economists with positive industrial data this week, welcome news given the European Central Bank's committment to steady interest rates."

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