17 de março de 2008

Educação em Portugal (VIII)

Mais perspectivas e experiências sobre o mesmo problema. Excertos de dois artigos (mas devem ser lidos na totalidade - particularmente, o segundo): um, de Paulo Gonçalves Marcos, no DiarioEconomico.com, Bem pagos, piores resultados; o outro, de Richard J. Murnane, na VOX, Improving Urban High Schools. O primeiro tem como alvo a situação portuguesa; o segundo, a situação norte-americana.

Primeiro:


"... Situação insustentável, que em qualquer outra entidade, sujeita a concorrência, a teria levado à bancarrota. Vital introduzir racionalidade e gestão em todo o sistema estatal de ensino. Avaliar os professores, à semelhança do que acontece com qualquer outro trabalhador do sector privado, um acto de elementar justiça. Não chega, contudo.

Um estudo acabado de sair nos Estados Unidos, publicado pela “Education Next”, uma revista dedicada a políticas de educação, apresenta resultados que nos fazem pensar. O estudo observa que o aumento do número de anos de escolaridade da população aumenta o ritmo de crescimento económico, mas somente se as capacidades cognitivas dos estudantes, medidas pelas competências a matemática e a ciências, tiverem sido aumentadas. Ou seja, o mero aumento dos números de anos de escolaridade não é suficiente. É necessário que se traduzam numa melhoria efectiva das competências e do raciocínio associados à matemática e às ciências.

Mais ainda, o estudo da Education Next elabora e prevê que se os alunos do secundário norte americano tivessem competências (vide estudos PISA), nessas duas áreas, ao nível dos alunos dos países com melhores resultados, a Coreia do Sul, Finlândia e Hong Kong, o produto nacional bruto dos Estados Unidos seria quase um ponto percentual superior! Se pensarmos que em cenário de abrandamento económico, como se tem verificado em Portugal, o aumento de um ponto percentual do produto pode demorar cerca de um ano a atingir…

Ora Portugal, nos mesmos estudos comparativos internacionais, surge na cauda da OCDE (enquanto os EUA estão quase a meio da tabela). Razão para podermos pensar que o impacto deverá ser mais profundo ainda na nossa Economia…Dito de outra forma, a incapacidade de produzirmos alunos do secundário com competências de nível mundial em matemática e ciências, obriga-nos a todos a trabalhar muito mais, pelo menos um ano mais nas nossas vidas…Por isso devemos defender que os resultados obtidos pelos alunos nos exames nacionais e nas comparações internacionais contem, de forma bastante acentuada, para as avaliações dos professores (e não apenas com uma ponderação ridícula de 6.5%). O nosso bem-estar depende disso!"



Segundo:






"The poor state of America’s urban public school systems is one of the nation’s most pressing domestic policy problems. Two improvement approaches vie for attention in policy circles: changing central office management strategies, and improving incentives. While the two approaches compete for influence, they are in fact complementary. Alone, neither one will make much of a difference. Together they can improve urban school systems."

"... At the heart of this strategy is a new type of partnership between the central office and city schools known as reciprocal accountability. One part of this partnership is that the district leadership requires that schools make progress in improving student achievement. If they do not, there are consequences, often beginning with a change in leadership. The other part is that the district leadership commits itself to providing the resources that schools need to accomplish this goal. These include well educated teachers, on-going training that increases principals’ and teachers’ effectiveness, enough time in the school day for teachers to both work together at instructional improvement and to provide extra help to lagging students, and the resources needed to support the learning of students with varying needs (Elmore 2000). "


"...Making reciprocal accountability a reality requires a new role for the central office. It must recognize that schools vary in capacity and need to be treated differently. Low performing schools need special attention and support. Schools making real progress need the freedom to use resources in new ways. To provide the resources schools need, the district leadership must reallocate resources away from the many programs and activities that absorb funds but do not contribute in a coherent fashion to improving students’ literacy and mathematics skills in the district as a whole. There is evidence that implementing the management strategy described above enables urban school districts to improve their performance in educating students (Reville 2007). "


"...Of course, this raises the question of why all urban districts have not embraced this strategy. Among the many contributing factors are dysfunctional incentive structures for key actors: teachers, school principals, and students Virtually all public school districts in the United States use compensation systems for teachers that reward advanced degrees and years of teaching experience and nothing else. This makes it extremely difficult to attract skilled teachers to fields in which demand exceeds supply at the prevailing common salaries. It also makes difficult to attract skilled teachers to the schools where they are most needed. It also means that large sums of money go to payments for Master’s Degrees that do not result in increased student learning (Hanushek 2002)."

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