17 de março de 2008

Reformas e as corporações

António Correia de Campos, no DiarioEconomico.com, em Moderar os ímpetos, pede bom senso ao quarto poder. Dá exemplos com os quais estou de acordo. Retenho a parte mais operacional do artigo:

"A peregrina teoria de que não se podem fazer reformas contra alguns dos seus destinatários. Claro que não se podem, pelo menos não se devem tentar reformas contra o que o legítimo poder, eleito pelo Povo, considera o interesse público, o interesse do País, mesmo quando demora algum tempo até que se conjugue a percepção da união entre estes dois interesses.
Um ilustre articulista regular de um dos nossos diários acha que não se fazem reformas contra as corporações. Se fosse verdade, não teria o Marquês reformado a Universidade de Coimbra, não teria Joaquim António de Aguiar abatido os foros e morgadios, não teria Fontes Pereira de Melo construído estradas e linhas de comboio contra proprietários fundiários e agrários retrógrados que receavam a drenagem das produções agrícolas para benefício de outras regiões, não teria Duarte Pacheco construído a marginal, não teria o PS feito aprovar a lei da delimitação dos sectores, não teria sido privatizada a comunicação social que caiu no regaço do Estado com as nacionalizações, não teria Vieira da Silva realizado a reforma da Segurança Social, não teria Maria de Lurdes Rodrigues aberto a escola pública todo o dia, concentrado o ensino do primeiro ciclo em locais onde as crianças socializem mais cedo, criado aulas de substituição, instalado o ensino do inglês desde cedo, ou colocado os professores por três anos. Refiro os últimos exemplos para que não se argumente que, reformas a sério, só com regimes autoritários.

Não há registo de que as corporações tenham apoiado qualquer destas reformas desde o início. Quando muito deixaram de lhes ser hostis quando ponderaram melhor o que perdiam em credibilidade. Se convenho em aceitar que as reformas se não devem fazer contra ninguém, prefiro admitir, como se tem demonstrado, que é possível fazer reformas apesar das corporações."

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