20 de março de 2008

Medo e democracia

João Cardoso Rosas fala, no Diário Económico.com, da necessidade das sociedades democráticas, e das suas instituições, saberem Gerir o medo de modo eficaz. Excertos (mas o artigo deve ser lido na totalidade - tem apontamentos interessantes e bem direccionados - se bem os entendo):


"Quando o medo social cresce, não é apenas a qualidade de vida que decresce. Aquilo que fica em jogo é a própria existência de uma sociedade livre, ou aberta. A sociedade aberta implica confiança no funcionamento das instituições que protegem a liberdade – o Estado de direito, os tribunais independentes, uma comunicação social pluralista, os mercados concorrenciais, etc. – e, portanto, a capacidade para vencer o medo potencial que nos opõe aos nossos semelhantes. Uma acrescida percepção subjectiva dos medos societários conduz à erosão da confiança entre os indivíduos e no próprio funcionamento das instituições livres. É esta situação que leva a que alguns, na senda de Hobbes, prefiram a servidão à liberdade.

Julgo que os governos das sociedades abertas têm prestado pouca atenção à gestão de todos estes medos societários. O nosso Governo não é excepção. Continua a hesitar em fazer um discurso forte sobre a segurança de bens e pessoas, e em agir em conformidade. Um dos aspectos mais graves da nossa vida social é a desmoralização das forças policiais e a sensação de insegurança que elas próprias criam junto dos cidadãos. Outro aspecto é a dificuldade em inverter o descrédito absoluto em que caíram os tribunais. Os cidadãos interiorizaram que, em caso de conflito, não têm verdadeiramente a quem recorrer...

Infelizmente, os nossos políticos democráticos não leram Thomas Hobbes. De outra forma, colocariam a gestão do medo no topo das suas agendas. Nos tempos que correm, gerir o medo e alimentar a confiança no futuro é a tarefa política mais importante para todos aqueles que prezam a liberdade e a sociedade aberta."

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