1 de abril de 2008

Educação em Portugal (XIII)

Vi, por troços, o Prós e Contras da RTP1 dedicado à violência nas Escolas. Gostei particularmente de duas intervenções, de duas professoras, de quem não retive o nome; uma é coordenadora da área de Matemática, na sua escola, e conhece, pessoalmente, a experiência educativa finlandesa; a outra, é presidente do Conselho Directivo da Escola Secundária de Vialonga. Penso que nas suas intervenções ecoou alguma das coisas que disse aqui (1)





Dos seus testemunhos confirma-se a importância: da atitude da própria escola e dos seus órgãos dirigentes na criação de uma cultura de disciplina própria à situação vivida por cada uma delas; a importância do apoio desses órgãos aos seus professores para ajudar a resolver as situações anómalas e para potenciar o seu trabalho.




Não estou de acordo sobre ser indiferente ter conselhos directivos ou directores de escola (é assim que serão designados?) - se é verdade que um bom conselho directivo, bem liderado, produz bons resultados (vidé o caso referido de Vialonga), não é certo (estou convencido disso) que essa solução organizativa produza sempre os resultados necessários: direcções colegiais tendem a diluir responsabilidades e a gerar consensos baseados no máximo denominador comum.



Não estou de acordo que o Governo - qualquer governo responsável - possa desistir de tentar fazer com que o sistema educativo português evolua já para o que de melhor existe na Europa e no Mundo neste domínio, por muito difícil que isso seja. Existe, na verdade, um enquadramento cultural e sociológico, explicado pela história, partilhado mais ou menos pelos países do Sul da Europa, que condiciona de modo pesado a eficácia do sistema educativo - daí a necessidade imperiosa de se alterar a percepção que a população portuguesa tem do processo educativo e do interesse da educação. Mas o país não pode perder três gerações para resolver o problema; o país não tem à sua disposição todo esse tempo: o século XXI irá ser tremendamente problemático e a única forma de conseguir dar uma resposta minimamente capaz aos problemas que aí vêm é ter uma população preparada, informada e mobilizada - e uma boa educação é condição absolutamente necessária (não é suficiente) para isso.

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(1) Sobre a experiência educativa finlandesa ver aqui.








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