A indisciplina é um factor determinante do insucesso (relativo) do sistema educativo português como parece sugerir João Cardoso Rosas, neste artigo do Diário Económico, Prioridades trocadas? Estou de acordo com muita da descrição que é feita do problema, mas, se por indisciplina entendermos situações similares àquela do "telemóvel", não aceito a tese. Se por indisciplina entendermos o número de vezes que um professor terá de elevar a voz para se fazer ouvir, ou para pedir silêncio, aí, a não aceitação da tese terá de ser mais qualificada. Mesmo verificando-se existir um nível de indisciplina, ainda que rasteiro, generalizado e minimamente significativo do ponto de vista educativo - não estou seguro quanto à sua intensidade e extensão -, mesmo nessa situação, penso que ele é tão somente um sintoma do mau funcionamento do sistema - ainda que, admito-o, acabe por retroagir sobre ele, amplificando as consequências do seu nível de entropia. O problema não é susceptível de ser resolvido só no campo estrito da disciplina formal e regulamentar, e essa, parece-me ser, a proposta do artigo.
O certo - já o tinha dito antes - é que a qualidade e a eficácia de qualquer sistema é manifestada na gestão e tratamento das situações limite, das ocorrências atípicas. O modo como as escolas (e o Ministério) lidam com o problema, é significativo. Em todo o caso, tenho dúvidas que o sistema, tal como está, tal como é, conseguisse gerir um quadro regulamentar de disciplina mais rigoroso ... O combate à indisciplina, em cada caso, é algo que tem de ser imediato - se não lhe é dada a resposta adequada e tempestiva, tende a multiplicar-se - e não pode esperar pela resolução de todos os problemas que o sistema tem, e que, em primeiro lugar, induziram a indisciplina; mas se o sistema não funcionar de outro modo, essa tarefa não será eficaz e, será, sempre, muito ineficiente.
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