3 de maio de 2008

Crise alimentar a nível mundial (II)

E continua.








Esta crise é um bom exemplo do perigo da complacência nos tempos de agora e, principalmente, do futuro, nesta (e noutras) matérias. Esta crise alimentar não resulta da falta (física - escassez absoluta) de alimentos - existem cereais em quantidade suficiente para alimentar todos no mundo: o que acontece é que a alimentação é só uma das suas utilizações possíveis (biocombustíveis, produção de carne, ...) e é a concorrência entre essas utilizações diferentes (mas não só - e.g., seca em regiões agrícolas estratégicas...) que alimenta a subida dos preços, a escassez relativa, a especulação (os cereais como um qualquer activo que se valoriza, num momento em que o dólar desvaloriza). Temos a procura solvível dos ricos (biocombustíveis, produção de carne, alimentação...) face a falta de solvibilidade da procura dos mais pobres (alimentação).








A história é mais complexa do que digo acima - os artigos que referencio são úteis por isso mesmo - e tem lições para o futuro. Nós caminhamos para uma situação onde a população do mundo se aproximará dos 9 mil milhões de pessoas (ver aqui), e com essa aproximação a ocorrer no momento em que as consequências do aquecimento global se estiverem a efectivar de modo inequívoco - (mesmo agora muitos se questionaram se as secas já não eram prenúncio desse estado de coisas). O sistema de produção alimentar mundial é vulnerável - esta crise prova-o. Esta crise irá passar, mas outras crises se perfilarão no horizonte porque essa vulnerabilidade irá aumentar.
















Ligações (das mais recentes para as mais antigas):














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