29 de maio de 2008

Polémicas sobre socialismo

Já há algum tempo João Cardoso Rosas escreveu uma crónica no Diário Económico intitulada Adeus socialismo; Vital Moreira fez-lhe um comentário crítico e houve do primeiro a resposta noutra crónica, no mesmo sítio, Socialismo ou liberalismo social?. Interessante, polémico e merecendo reflexão e referência futura. Outra crónica do Diário Económico, Ministério da Liberdade , fala da mesma questão, embora, agora, de uma perspectiva de direita.
Não me situo bem naquilo que é dito - é indiscutível que os problemas que enformaram o socialismo democrático originariamente têm tido até agora uma resposta necessaria e tendencialmente (para simplificar o discurso) "liberal", mas na altura em que o (para simplificar o discurso) "o sistema capitalista" enfrenta problemas muito graves, é imperioso face aos novos problemas (são, efectivamente, novos problemas) dar novas respostas e isso cria oportunidades à refundação do socialismo democrático.


A última "ligação" prendem-se com a discussão da situação actual do Partido Trabalhista mas tem extensões para outras realidades.





  1. Discussão sobre o sociallismo
    Adeus socialismo - DiarioEconomico.com
    "Mais cedo ou mais tarde, os socialistas terão de reconhecer, em nome da honestidade intelectual, que o projecto de uma sociedade socialista caducou. No tempo que passa, o ataque às liberdades económicas e ao mercado e a defesa da socialização dos meios de produção – e o que é o socialismo, senão isso? – apenas conduziriam ao isolamento, ao empobrecimento e à entropia social. Por isso seria bastante melhor para todos, incluindo para os próprios, que os socialistas permitissem que a sua matriz ideológica se confrontasse com a realidade, sem terceiras vias nem outros subterfúgios. Essa confrontação deixaria claro que, ao contrário do que dizem alguns dos seus adversários, não é verdade que os socialistas tenham traído a sua causa. A causa é que acabou. Ou seja, ela deixou de fazer sentido face à evolução do mundo."
    Causa Nossa
    Socialismo ou liberalismo social? - DiarioEconomico.com
    "Na sua crónica de anteontem no “Público”, Vital Moreira critica, com a probidade e o rigor intelectual que são seu timbre, o artigo que aqui escrevi na semana passada “Adeus socialismo”. Nesse artigo, eu defendia que o projecto histórico do socialismo, nas suas diferentes formas, está hoje esgotado. Vital Moreira contrapõe que esse esgotamento afectou o socialismo comunista, mas não o socialismo democrático. Retomando os termos do próprio Vital Moreira, parece-me que a sua tese, não sendo embora inédita, não é convincente. ... Mas é precisamente devido a este processo secular de distanciamento em relação à matriz marxista que convém inquirir sobre o que distingue, afinal de contas, o socialismo democrático do liberalismo. Julgo que a única distinção possível reside na desconfiança do socialismo face às liberdades económicas e ao funcionamento do mercado livre (o que pode conduzir à socialização de alguns meios de produção, ou à resistência à sua privatização). ... Os socialistas, por seu turno, consideram que a liberdade económica e o mercado escondem a pura lógica dos interesses que nenhuma “mão invisível” consegue compatibilizar. Os socialistas podem aceitar a liberdade económica e o mercado por razões de eficiência, mas fazem-no com uma relutância baseada em princípios. ...

    Por isso, muitos partidos ditos socialistas adaptaram-se – e ainda bem – ao novo contexto. Como reconhece Vital Moreira, eles passaram a ser genuinamente liberais na política e na economia; mas associaram o seu liberalismo de base à defesa dos direitos sociais, da justiça social, etc. Ora, o grande equívoco de Vital Moreira consiste em pensar que a defesa deste conjunto de valores configura ainda uma forma de socialismo.O programa político que Vital Moreira considera socialista é, na verdade, o programa do liberalismo social tal como foi pensado desde Stuart Mill e, muito especialmente, pelo chamado “novo liberalismo”, associado a autores como John Rawls, Ronald Dworkin, Bruce Ackerman, Amartya Sen, etc.
    Ministério da Liberdade - DiarioEconomico.com

    "O filósofo britânico Anthony Giddens não se mostra especialmente optimista. Como o leitor deve saber, Giddens foi o “guru” de Tony Blair quando da criação da Terceira Via, que serviu de antecâmara intelectual para a chegada ao poder do Trabalhismo britânico e para, depois, justificar uma política que se limitou a manter e a imitar o extraordinário legado de Margaret Thatcher. Sim, eu sei. A Terceira Via nunca gozou da mesma popularidade que o partido socialista espanhol (PSOE). O actual presidente do Conselho, José Bono, disse então que Blair era “completo imbecil” e daqui podemos inferir que Zapatero seja algo ainda pior. Mas a verdade é que os britânicos estão mais habituados a pensar do que os espanhóis, inclusive os de esquerda e inclusive Giddens, que vive disso. E que pensa este cavalheiro? Pensa o mesmo que pensa grande parte da esquerda que, infelizmente, continua a defender que a sua principal tarefa é manter rédea curta sobre as forças da globalização, resistir ao influxo político e cultural dos EUA e conservar os actuais sistemas sociais tal como estão ao invés de reformá-los. Giddens defende ainda que o socialismo enquanto tal é um projecto morto, uma vez que assenta na ideia de que os mecanismos de mercado podem ser substituídos por uma economia regulada e de que é preciso suplantar o capitalismo em prol da criação de uma sociedade distinta. Eis o que pensa Giddens, mas estou certo de que Zapatero vai seguir um caminho diferente."



  2. The kindest cut Comment is free: (dois excertos)
    "...The patient step-by-step reformism of the Fabians combined with constant political education has been sadly missing in recent Labour politics in government where short-term gimmicks and even shorter-term manipulation of headlines have been preferred..."

    "Labour has a wider duty to reinvent a new form of government. Across Europe the democratic left has been expelled from government (pdf). Only three of the 27 EU member states are now exclusively controlled by the left - Britain, Spain and Portugal. Labour must now break free of the Compass-Blairite axis and shape new policies. In the present conjuncture, a good place to start is to have a little less state and a little more individual spending power."

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