22 de junho de 2008

Ultraperiferia, distância e globalização.

O conceito de ultraperiferia integrou sempre, como um dos seus vectores caracterizadores, a distância. Muitos tinham vindo a depreciar a importância da distância como elemento conformador da situação económica de territórios como os Açores, na base, nomeadamente, do argumento da Internet ter feito desaparecer essa condicionante - um afável Professor (não da UA e não sei de quê - espero que não de economia) dizia, há alguns anos, à RTP Açores, que a ultraperiferia só importaria ainda devido aos Fundos Estruturais; a tontice da "boca" só teria equivalente noutra, proferida aquando de uma polémica interna, que a ultraperiferia só contaria a nível político, ou era somente um conceito político (estou a citar de memória).





Em todo o caso, este aumento do combustível veio a recuperar, de modo inequívoco, a importância da distância como condicionante de primeiro plano da situação económica de alguns países e regiões. Este aspecto - como outros actuais, emergentes - deveria ser integrado na reflexão estratégica do que deve ser feito agora e no futuro, política e economicamente, nos Açores. Que essa reflexão anda pelas ruas da amargura, prova-o os recentes episódios duma história triste, a que se chama o processo de desagravamento fiscal açoriano (mais sobre isto, mais tarde).





Os artigos abaixo (do mais antigo para o mais recente) referem a questão (ver ainda aqui - referencia a primeira das notas abaixo, mais outras ligações):







  • Long distance numbers Free exchange Economist.com:

    "Yesterday, apropos of news that New Zealand's economy is on the brink of recession, I wrote: If rising transportation costs increase the importance of regional market potential, then the world's remote nations will be the first to suffer.




    Today, this paper crossed my desk (by which I mean email inbox):




    There is widespread evidence that a better access to markets contributes to
    raising income levels. However, no quantification of the impact of distance to
    markets has been made on the basis of a sample restricted to advanced — and
    therefore more homogeneous — countries. This paper applies the framework
    developed by Redding and Venables (2004) on a panel data covering 21 OECD
    countries over 1970-2004, and shows that, relative to the average OECD country, the cost of remoteness for countries such as Australia and New Zealand could be as high as 10% of GDP. Conversely, the benefit for centrally-located countries like Belgium and the Netherlands could be around 6-7%.


  • The world gets bigger - Paul Krugman - Op-Ed Columnist - New York Times Blog

    "...How big is this effect? We know that the volume of trade between any two countries falls a lot with distance; this indicates that trade is quite sensitive to transport costs. This study gives a number:

    [D]oubling transport costs from their median
    value … reduces trade volumes by 45%. Moving from the median value of
    transport
    costs to the 75th percentile … cuts trade volumes by
    two-thirds.


    Now, the fuel price increase doesn’t have that large an effect — at least not yet. But a very back-of-the envelope calculation using CIBC estimates of the fuel cost effect gives me a 17 percent contraction in trade if oil prices stay at current levels for a long time. ..."

Aditamento

Ver também em Vertical specialization and the impact of oil prices on trade - Paul Krugman - Op-Ed Columnist - New York Times Blog: "If high oil prices persist, we could be seeing a large drop in world trade."



Sem comentários: