António Correia de Campos comenta a entrevista de Manuel Alegre, e explana o que deveria esperar-se do mesmo. Penso que espera demasiado, e penso que não haverá tanto ingenuidade como isso na sua trajectória recente.
Podem ver o artigo completo em A entrevista - DiarioEconomico.com.
Transcrevo a parte final do artigo:
- "A pessoa de Alegre é incontornável, o que lhe acarreta imensas responsabilidades. Pede-se-lhe análise objectiva, não apenas comentário de conjuntura; solidez de argumentos, não apenas posicionamentos; alternativas, não apenas críticas; perspectiva estratégica, não apenas referência a esperanças de mudança; política de alianças para a governabilidade, não apenas simpatias de circunstância; postura construtiva, não apenas capital de queixa. Surpreende a ausência de qualquer posição estruturada sobre as políticas públicas de natureza social, levando a recear que prefira o imobilismo. Defende o controlo das contas públicas, mas não parece aceitar que ele só foi possível com ganhos de eficiência e esforço de sustentabilidade na saúde, na educação, na fiscalidade, na segurança social, na administração pública. Ao primeiro rugir das corporações ou dos interesses, Alegre coloca-se contra as reformas, sem entender a ligação inversa entre ambas. Ignora as escolhas que é necessário fazer todos os dias, entre manter tudo como estava, ineficaz, ineficiente, dispendioso, sem qualidade nem futuro, ou escolher o árduo caminho dos cortes na gordura, da reorientação do gasto, da prevalência do interesse público sobre o interesse de pessoas, grupos, profissões ou corporações. Alegre necessitaria do triplo do orçamento para governar. Assim todos seriam felizes, embora o país se projectasse na falência. Mas o que mais surpreende num político com a sua história e experiência é a ingenuidade com que se dispõe a pactuar com parceiros que nunca pretenderão governar, formatados para criticar, corroer, maldizer e impedir um governo à esquerda. De resto, reduz tudo a uma só aliança, com o BE. Entenderá Alegre, que pode aspirar a nova candidatura à Presidência, só com o BE, os independentes dos blogues, o PC a engolir mais um sapo, o PS por arrasto, a completar a aritmética de maioria? Com parceiros que se servirão dele como megafone do protesto, descartando-o, depois, por falta de pilhas?"
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