7 de dezembro de 2008

Leituras sobre o momento da educação em Portugal

São referências e excertos relativos à situação no terreno que primam pela atipicidade (positiva), e algumas opiniões que ficam aqui para reflexão, e para futura referência:

  • É do artigo de Miguel Sousa Tavares, "Tudo na mesma, Tudo pior", no Expresso deste fim de semana (ponto 3):

    "Como se previa, a greve dos professores, foi um "sucesso". Algumas escolas fecharam, outras foram fechadas, noutras houve apenas uma minoria de professores a dar aulas. Li, no "24 horas", o caso de um agrupamento de escolas, às portas de Lisboa, onde a greve, todavia, não foi além dos 35% de adesão. Segundo explicou o respectivo director, porque não houve necessidade: ali parece que a malfadada avaliação foi simplificada pelos próprios professores, antes mesmo do Ministério o fazer, e posta em aplicação há mais de um ano, sem burocracias, sem horas perdidas em reuniões, sem complicações. Simplesmente, os professores concordaram com o princípio da avaliação e trataram de o pôr em prática, da forma mais simples que entenderam. E não é o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro caso que leio de uma escola assim...";


















  • Expresso: BPN: será para valer?



    "Beiriz, outra vez Há 11 anos que não ouvia falar da escola EB 2,3 de Beiriz. Em Novembro de 1999, uma reportagem no 'Público' que quase reproduzi nesta página contava que em Beiriz, Póvoa de Varzim, havia uma escola básica onde a taxa de sucesso oscilava entre os 82 e os 95 por cento, onde os alunos gostavam de estar mesmo quando não tinham aulas, onde os casos de indisciplina quase não existiam. O edifício tinha cinco anos e a repórter dizia que não vira um risco nas paredes, nem um papel no chão.




    Esta semana voltámos a ouvir falar de Beiriz e outra vez no 'Público'. O retrato da EB 2,3 é o mesmo de há 11 anos. De novo, só o facto de a indisciplina se ter tornado tão residual que foram dispensados os auxiliares de recreio. Também a padaria é novidade. Sim, a padaria. É lá que os alunos cozem o pão que é servido na cantina.



    Beiriz parece um milagre. Mas repare-se neste pormenor e teremos metade da explicação do milagre: a presidente do conselho executivo, Maria Luísa Moreira, é a mesma. Isto quer dizer que houve estabilidade na liderança. E se houve estabilidade na liderança é porque a liderança é forte e capaz - meio caminho andado para haver estabilidade na escola e, consequentemente, um bom desempenho.



    Não admira, pois, que na EB 2,3 de Beiriz a avaliação dos professores se faça sem dramas, corra a bom ritmo e com todos os prazos a serem cumpridos. "É a nossa cultura de escola", explica a presidente do conselho executivo. Vejamos dois exemplos. Por lá, pratica-se há anos a auto-avaliação dos professores, pelo que a definição das metas individuais se tornou rotina. Outro caso controverso na avaliação, mas que em Beiriz é trivial: a observação das aulas. "A co-docência é frequente", diz Maria Luísa Moreira, sendo "normal" - repare-se: normal - um professor pedir a um colega que o auxilie na sala de aula.



    Se alguém ainda tivesse dúvidas de que o modelo de avaliação - burocrático, complexo e tudo isso - era exequível, mesmo antes do recuo governamental desta semana, não precisava de viajar para a Finlândia. Bastava ir ver a Beiriz.



    Mas não se pense que na EB 2,3 se aplica acriticamente o modelo do ME. Uma avaliação rigorosa "não precisa daquelas fichas todas", como diz Maria Luísa Moreira. Aproveitando toda a margem de manobra e de autonomia que o ministério já concedeu às escolas, Beiriz aplica o essencial do modelo, depois de o ter tornado "o menos complexo possível". Ah!, e ninguém se queixa de reuniões sem fim e de "stresse" diabólico. Em Beiriz, a EB 2,3 fecha todos os dias às 18 e 30."






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