13 de julho de 2009

Manifesto dos Economistas (I) - Um livro a ler

Penso que uma boa forma de abordar a discussão dos problemas colocados pelos diferentes manifestos dos economistas - e perceber o contexto do que efectivamente está em jogo - passaria por ler o livro de Vítor Bento, Perceber a crise para encontrar o caminho, da bnomics.
O livro é claro e perceptível; é susceptível de ser lido - e deveria ser lido - por não-economistas; delineia de modo simples, mas rigoroso, a trajectória mais recente da economia portuguesa: a que nos trouxe a esta encruzilhada - ao nível das soluções discute problemas que estão para além da esfera específica da economia, mas que a condicionam, de modo determinante. Mesmo para aqueles, que à partida, por parti-pris ideológico assumido, considerassem que iriam discordar, de modo inevitável, das soluções e do diagnóstico avançados pelo livro, teriam muito a ganhar com a sua leitura - interessa conhecer sempre o que os nossos adversários pensam, e, por outro lado, o diagnóstico de Víctor Bento, ao nível de divulgação, é o melhor que eu conheço, e um bom guião para se entender o que se passa.

E o diagnóstico é o da situação económica portuguesa ser grave; ser grave do ponto de vista estrutural; e sê-lo, mesmo abstraindo dos efeitos da actual crise mundial - passando a crise, o problema português manter-se-á. Na contracapa do livro, diz-se:

"Nos dez anos terminados em 2007 [antes do eclodir da crise], acumulámos a maior sucessão de défices e de endividamento externos da nossa História. Ao mesmo tempo, o nosso nível de vida afastou-se da média comunitária e foi ultrapassado pela Grécia e por alguns dos novos parceiros da UE [...] Portugal poderá estar preso numa armadilha de prolongado empobrecimento relativo. E na ausência de acções apropriados, o ajustamento automático dos desiquilíbrios acumulados poderá conduzir a uma profunda e prolongada recessão económica [...]"
Do que tenho lido de outras fontes [a referir numa próxima nota], e neste livro, não tenho nada a qualificar à frase citada acima.
(continua)


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