13 de julho de 2009

Leitura deprimente

  1. Este artigo do Guardian refere a situação da pescaria, a nível mundial e europeu. É uma leitura deprimente (o bold é meu), mas a situação nos Açores, também, o é - (a afirmação do mar como condicionante determinante do destino açoriano, não é mais do que "música das esferas", sem uma contrapartida operacional estratégica, e uma programação táctica adequadas - mas a inoperância [falta de: ambição? de sensibilidade? de coragem política? de instrumentos políticos?] governamental, é acomodada, sem tugir nem mugir, pela oposição, que, no melhor dos cenários, faria o que tem sido feito, com o mesmo nível de qualidade - o problema não está no que tem sido feito, mas sim naquilo que ainda não se percebeu, ou não se quer assumir, que falta fazer):
    "[...] On the latest estimates, around a third of the world's oceans need to be closed to fishing, perhaps forever, to regenerate stocks. [...] The curious aspect of the crisis is not the grim statistics showing that for the last 20 years there has been a steady decline in the world's catch - a decline disguised until 2001 by inaccurate figures showing China increasing its take year on year.
    [...] It is the almost complete failure in Europe to take effective action. The Common Fisheries Policy, which to the detriment of British fishermen treats all European fisheries as a pooled resource, has left British fisheries ministers seemingly powerless to halt overfishing and the unintended consequences of quotas and limited days at sea - hundreds of tonnes of illegally caught fish are thrown back. At last, a month ago, Brussels declared the CFP dead. But in marine conservation circles there is no confidence that whatever replaces it will be policed.
    [...] The answer, on the current science, has to be to protect wild stocks and ensure that all fish landed come from sustainable grounds. That means traceability and enforcement. It means smaller fishing fleets, local controls, and extensive marine conservation areas where there would be no fishing at all. Protection has been pioneered in the north Atlantic and parts of the south Pacific. Recovery of stocks is remarkably quick. Until now, though, the European fishing industry has had the deciding vote at the top table. Unless that changes, there will soon be no need for policies, because there will be no fish."
  2. As recomendações feitas são sobejamente conhecidas. Aqui, nos Açores, por diversas vezes - que eu tenha reparado, no suplemento do Açoriano Oriental, a Voz dos Marítimos - investigadores da Universidade dos Açores o têm referido:
    José Manuel Azevedo, em 2 de Fevereiro de 2008, ao defender um novo modelo de gestão das pescas, sugeria, nomeadamente, "a criação de uma rede de reservas marinhas integrais que cubra uma porção significativa dos principais tipos de ambientes";
    Pedro Afonso, em 8 de Junho de 2009, ao discutir os ensinamentos retirados da investigação efectuada na Paisagem Protegida do Monte da Guia, dizia:
    "Porque não [torná-la] em mais do que uma reserva de papel? [...] tem sido diariamente saqueada (como aliás as outras reservas marinhas da região) muitas vezes por ganância não fiscalizada mas também por desconhecimento não informado, já que nem sequer há limites claros nem bem anunciados para a sua utilização. Por não começar por aí, antes de investir milhões em conservação/educação-de -betão e assistir anos a fio a sucessivos mapas de parques marinhos que teimam em não passarem de virtuais (como está na moda)?"

PS: É óbvio que as reservas marinhas (integrais) de que falam os investigadores da UA, seriam elementos tácticos estruturantes de uma "integrada" política de pescas para os Açores - (sim, naturalmente, a política de pescas deve tratar, também - mas não só -, da construção dos portos, das casas de apetrecho, da defesa dos nossos interesses, em Bruxelas, etc.). Mais sobre isto, no futuro ...

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