"Durante muito tempo ouvimos vozes de todo o espectro político a insurgirem-se contra a ausência de protecção no desemprego de muitos portugueses. A indignação é justa, mas choca com os limites ao financiamento dos apoios sociais. Com um sistema baseado numa lógica de seguro social, a protecção depende dos descontos prévios e da massa salarial sobre a qual incidem. Subverter esta lógica pode ser muito popular, mas é, no mínimo, financeiramente irresponsável.
O problema é tanto mais sério quanto Portugal combina níveis de participação no mercado de trabalho muito elevados com uma grande precariedade do emprego – que encontra poucos paralelos na Europa. Acontece que à precariedade não estão apenas associados níveis remuneratórios mais baixos e menor segurança no emprego, mas também, frequentemente, ausência de protecção no desemprego. [...]"
"A economia portuguesa está certamente a atravessar uma das suas fases mais difíceis dos últimos sessenta anos.Não se trata aqui de dramatizar mas de apelar ao realismo.
A componente mais nítida desta dificuldade é a não sustentabilidade
do caminho que seguimos nos últimos doze anos, cujo desenlace pode bem
ocorrer num prazo não muito longo. Efectivamente, uma das poucas coisas
de que poderemos ter a certeza é que os próximos doze anos (e
provavelmente os próximos seis) não poderão ser iguais aos passados.
Isto por uma razão óbvia: é que simplesmente não haverá financiamento
externo para sustentar sequer o magro crescimento da última década,
porque ninguém emprestará a bancos ou empresas de um país com 150% ou
200% do PIB de dívida externa. Se e quando este financiamento se
evaporar a economia e sociedade portuguesas entrarão numa situação de
que mais vale não falar, mas que fará da crise de 1983-84 uma
brincadeira de crianças. [...]"
Continuar a ler no link indicado acima.
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