" [...] Subir as taxas de juro a curto prazo num futuro próximo para níveis igualmente baixos, mas mais perto dos 2%, pode ajudar a evitar uma nova bolha de crédito e a conter a bolha no mercado de obrigações. Se os bancos centrais levarem muito tempo a reagir, como aconteceu em relação à primeira desaceleração económica, a bolha poderá crescer e obrigar o banco central a adoptar uma nova política monetária com vista a rebentá-la.
A segunda razão prende-se com o aumento da dívida soberana. Compreendo a relutância dos governos em suspender as políticas orçamentais, uma vez que os riscos implícitos são elevados. O novo governo alemão de centro-direita reforçou o pacote de estímulo para 2010 e anunciou que tenciona reduzir os impostos sobre o rendimento em 2011; a França caminha para um défice excessivo permanente; e o pacto de estabilidade e crescimento foi suspenso. Os EUA, inclusive, ponderam novo estímulo. Ora, isto não pode continuar indefinidamente.
Como é óbvio, nem todos os bancos centrais terão de implementar as mesmas políticas ao mesmo tempo. Seria preferível para a economia global que a Reserva Federal americana (Fed) liderasse a saída da crise para evitar uma nova depreciação do dólar. Se a Fed repetisse os erros que cometeu em 2003 e 2004, os restantes bancos centrais teriam sérias dificuldades em adoptar uma política diferente. Se o BCE assumir esse papel, o euro poderá valorizar para níveis intoleráveis. Em suma, se a política de taxas de juro próximas de zero se prolongar demasiado no tempo, a instabilidade económica será porventura mais extremada e onerosa do que a recente crise financeira."
A “saída” da crise | Económico Wolfgang Munchau
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