NOTAS SOBRE
A ARTICULAÇÃO ENTRE ENSINO, DESENVOLVIMENTO E POLÍTICA NOS AÇORES
(continuação)
2 - O governo da Nova Autonomia, o ensino
nos Açores e o desenvolvimento
(continuação)
(continuação)
O
que pode ser feito, no curto prazo, neste campo e de que forma isso
se articula com o trabalho político e potencia toda a actividade na
área do ensino? Como é que o Governo Regional da Nova Autonomia pode
começar a alterar o estado de coisas neste particular? Algumas pistas...
Por
exemplo, o Governo Regional da Nova Autonomia pode e deve ser um parceiro
activo na discussão e na conformação da Política de Educação Nacional,
sempre no respeito das necessidades e particularidades locais, e esse
facto deve ser do domínio público, constituindo-se como um dos elementos
do alertar da opinião pública para as questões da educação. Por
exemplo, o Governo Regional da Nova Autonomia deveria acompanhar a implementação
da Reforma à Região e deveria pública e políticamente emitir a sua
opinião sobre a forma e conteúdo da mesma - a eventual discordância,
devidamente fundamentada, sobre determinados aspectos, tornar-se-ia
excelente como ponto duma discussão mais alargada das questões da
educação. Por exemplo, o Governo Regional da Nova Autonomia deveria
denunciar o facilitismo que se instalou no ensino e que é assumido
por qualquer professor com quem se fale - isso obviamente teria o mérito
adicional e decisivo de alargar a discussão pública sobre as questões
do ensino.
O
Estado Regional é o maior empregador da Região e por demais, influencia
de forma determinante a dinâmica de todos os sectores económicos
. Por exemplo, o Governo Regional da Nova Autonomia teria
o direito e o dever de definir os perfis de conhecimento (níveis de
proficiência em diferentes áreas de conhecimento) que seriam requesito
de admissão ou requesito preferencial
nas admissões na Administração Regional, devendo convencer os sectores
económicos a tomarem iguais decisões. Isto, que fica para além
do requesito formal de aprovação num dado nível de ensino, feito
com a devida antecedência, devidamente dramatizado e fundamentado,
poderia tornar-se num instrumento na alteração das expectativas da
população quanto ao ensino, obrigando-a a exigir mais dos seus filhos
e dos professores dos seus filhos.
Articulado
com o que se disse acima, e ainda como exemplo do que poderia ser
feito, o discurso sobre a Educação, mormente no referente
aos conteúdos de conhecimento, deveria se assumido por cada membro
do Governo da Nova Autonomia, por cada agente político da Nova
Autonomia, ao serem explicitados os desafios com que se confronta
cada sector, demonstrando que uma parte da resposta a esses desafios
passa necessariamente pela educação. Em cada sector, o discurso
político que equaciona o que se passa, o que provavelmente se passará
e o que é necessário fazer para haver uma resposta regional adequada,
obviamente deverá integrar como tema a educação e o publicitar do
contributo indispensável que ela pode e deve dar. Aqui de novo,
a afirmação política de que o trabalho na agricultura, na
pesca, em todos os sectores produtivos, no futuro, a ter um
futuro na Região, obrigará a que assuma um conteúdo funcional
totalmente diferente, ir-se-á constituir, se devidamente transmitido
e interiorizado, como um elemento determinante na transformação das
perspectivas da população sobre o ensino.
A
título de conclusão, e em relação a esta última questão, reafirmar
que o Governo da Nova Autonomia terá como tarefa primeira a alteração
das perspectivas da população sobre o ensino; tentará criar uma
nova opinião pública sobre o ensino, através de tudo o que se disse
acima e ainda de mais. É sombranceria não acreditar na capacidade
das pessoas perceberem onde estão os seus verdadeiros interesses. Os
cidadãos entenderão se for gasto o tempo suficiente na transmissão
da mensagem, se houver cuidado com a riqueza do conteúdo e com a forma
que assumir essa mensagem. É necessário informação e mais informação;
é necessário nomeadamente informação (e formação) dirigida
a sectores específicos da população,
sobre a questão do ensino. Esses sectores da população, com uma influência
marcante na conformação da opinião pública, poderão ser uma das
alavancas para a alteração daquelas perspectivas. É necessário
a discussão pública dramatizada, informada, informativa, interessante,
suportada por agentes políticos de 1º plano, e utilizando os meios
mais adequados. É necessário reenobrecer a função do professor
primário e do secundário; este terá de readquirir um
status que perdeu (os aumentos salariais ajudariam mas não pode
passar tudo por aí). De novo a política, o discurso político pode
e deve contribuir para isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário