Eventualmente, o enredo poderá ser este: O Governo da República, sabendo em que situação estamos, e tendo consciência do que terá de ser feito, serve-se da Lei das Finanças Regionais para demarcar a fronteira a partir da qual não recua, e ganha graus de liberdade e de credibilidade para lidar com todas as "Madeiras" de que o País sofre, no (muito) próximo futuro - como o terreno é-lhe favorável (o tal sentimento referido numa nota anterior) pode até ter ganhos junto da opinião pública.
Não há como fugir ao prego: a resposta aos problemas é inadiável e incontornável, e vai ser dura - a alternativa de não fazê-lo seria muito pior para o País (lembrando: há vida para além da dívida orçamental, e chama-se défice externo, que é muito mais difícil de resolver).
O Governo a deixar passar a Madeira, ou, pelo menos, deixando passar a Madeira sem a dramatização, o custo político inevitável que terá de suportar depois, seria muito pior, se, mesmo, não vindo a por em causa a eficácia do que terá de ser feito. E, claro, a classe política (se fossem outros na oposição, o filme seria o mesmo), daqui a uns meses, estaria a invocar o caso da Madeira, para criticar a disparidade de critérios quanto ao tratamento das outras Madeiras (veja-se as referências à actuação anterior do Governo quanto à Madeira - mesmo que não tivesse sido rigorosa - não sei -, não seria de considerar que a situação se alterou radicalmente, e como tal o comboio tinha de parar nesta estação? Para ajuizar do que deve ser feito agora, a análise deveria estar subordinada a Let bygones be bygones, mas isso, não é a prática e a filosofia do dito jogo político).
Não há como fugir ao prego: a resposta aos problemas é inadiável e incontornável, e vai ser dura - a alternativa de não fazê-lo seria muito pior para o País (lembrando: há vida para além da dívida orçamental, e chama-se défice externo, que é muito mais difícil de resolver).
O Governo a deixar passar a Madeira, ou, pelo menos, deixando passar a Madeira sem a dramatização, o custo político inevitável que terá de suportar depois, seria muito pior, se, mesmo, não vindo a por em causa a eficácia do que terá de ser feito. E, claro, a classe política (se fossem outros na oposição, o filme seria o mesmo), daqui a uns meses, estaria a invocar o caso da Madeira, para criticar a disparidade de critérios quanto ao tratamento das outras Madeiras (veja-se as referências à actuação anterior do Governo quanto à Madeira - mesmo que não tivesse sido rigorosa - não sei -, não seria de considerar que a situação se alterou radicalmente, e como tal o comboio tinha de parar nesta estação? Para ajuizar do que deve ser feito agora, a análise deveria estar subordinada a Let bygones be bygones, mas isso, não é a prática e a filosofia do dito jogo político).
Claro que a solução proposta na Assembleia da República representa uns cagagésimos percentuais do défice orçamental - o problema é que são muitas "Madeiras" (a lei dos grandes números a funcionar) e umas são mais filhas de Deus que outras. O problema do País não são só os grandes disparates; são a multiplicação infindável dos outros, e não me admiraria que a estes, porque mais difusos, mais generalizados, menos controlados, mais desculpados, se deveriam imputar a quota-parte maior da responsabilidade do "mal" português (uma experiência mental: admitem que, de um dia para o outro, por milagre de Fátima, todos os portugueses começassem a cumprir os seus deveres fiscais como o fazem os suecos - o que sucederia? Não só quanto ao défice orçamental, mas, também, em relação a todo o resto).
Quanto ao que diz respeito às Regiões Autónomas, veja-se o meme da Madeira, como sendo uma das regiões mais ricas do País, colar na consciência das pessoas - hoje, o Presidente da Câmara de Penamacor, referiu-o no discurso de recepção ao PR. O que é irónico, é que não é verdade - a Madeira, em termos de PIB corrigido do off-shore, deve estar só um bocado acima dos Açores: o desprezo pelo instrumento técnico-político que são as estatísticas paga-se caro (leva tempo, mas o inevitável acontece). O tal sentimento, reforça-se, e não melhora quando o Ministro lembra aos continentais quanto é o IVA das Regiões Autónomas (e ainda bem que a Madeira não procedeu a um desagravamento fiscal significativo). Tudo isto, de um modo ou outro, irá sobrar também para os Açores
Ler, de hoje, como quadro de fundo, Risco da dívida portuguesa não pára de aumentar | Económico.
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