6 de fevereiro de 2010

Ainda sobre tudo isto

Repito: o problema mais grave de Portugal não é o défice orçamental - veja-se o que o PM diz numa entrevista ao Libération , «En quoi la situation du Portugal ou de la Grèce est-elle préoccupante ?» - Libération (via Causa Nossa) mas o défice externo, e isso resulta do que ressalta dos gráficos abaixo. Mas é imperioso diminuir o défice orçamental como forma de conter o crescimento do défice externo. Claro que, neste momento, é necessário ainda convencer os mercados que isso irá ser feito de modo rigoroso e consistente - face ao que está a suceder, já se diz que as medidas previstas no orçamento aprovado (mas não discutido na especialidade) não serão as suficientes.

 
   
Greece's sovereign-debt crunch: A very European crisis | The Economist: "Such a scheme would not obviate the need for deep reform in Greece. Successful companies complain that they are overtaxed to make up for evasion elsewhere. Small firms continue to operate below their efficient scale, because if they were bigger, they would attract the tax authorities. Greece’s higher inflation is partly explained by a lack of competition in parts of the economy. As in Italy and Spain, wages are set centrally with too little regard for differences in productivity across industries and companies. If Greece is to get itself out of trouble, fixing the public finances is only the beginning." Este artigo, embora, referindo-se ao caso grego, tem informação relevante para entendermos a nossa situação. (via The Irish Economy » Blog Archive » The Sovereign Debt of Euro Area Countries). 

Sobre o resto, de acordo com o que se diz aqui, quanto ao sistema político: A morte lenta - Visao.pt - o que está a passar-se, prova-o. Nunca fui dos que fazem o discurso do anti-político: temos os políticos que merecemos, e o que merecemos, retrata o nível médio de comportamento cívico e cultural da população portuguesa - no Expresso da Meia-Noite, de hoje, foi referido que, enquanto o produto, em 2009, teve uma quebra de 2 e tal por cento, a evasão fiscal aumentou em 16% (Q.E.D.).

Por outro lado, é definitivo que o PM tem problemas com a comunicação social, e não os sabe resolver bem, mas também, é verdade que a "Central" que o tem perseguido continua a funcionar, e o modo como funciona é significativo. O PS paga caro o facto de, historicamente, ter sido sempre diletante no que respeita à organização, e ao modo como socialmente se insere. Outros, que não só o PCP, souberam-no fazer. A melhor maneira de controlar, passa por esse domínio, ou influência, não ser visível, ou ser esbatida. Do primeiro ministro nunca tive a opinião que fosse um santo. Ele é, nos seus defeitos, um homem do sistema político português: não é pior do que os outros, donde, daí considerar canalha a demonização do seu carácter feito pelo Pacheco Pereira e pelo PSD. Acontece, é que, nas suas qualidades, é superior à esmagadora maioria dos elementos da classe política portuguesa, e provou-o - não o provou, no entanto, na totalidade, nomeadamente, porque não considerou os avisos, tempestivos, informados, de Luís Campos e Cunha.

O timing da "Central", em pôr cá fora, precisamente, nesta altura, os telefonemas da "Face Oculta", demonstra a total insensibilidade à situação do país. Se tinham que fazer o seu trabalho, que não o fizessem no momento em que o País está no meio da tempestade. Antes ou depois, os efeitos pretendidos não perderiam eficácia. Que pena que Pedro Passos Coelho seja um politiqueiro e um demagogo como os outros. 

O que Luís Delgado diz sobre as maiorias absolutas é absolutamente verdade, e a prova está há vista. Estou à vontade: sempre o defendi, mesmo quando Cavaco Silva obteve as suas.

Quanto às finanças regionais, de acordo com isto:  Finanças Regionais PS/Açores ameaça pedir inconstitucionalidade - Expresso.pt. Vou ver se tenho pachorra para revisitar o assunto.

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