8 de fevereiro de 2010

O momento político português (e autonómico)

  1. No último Expresso da Meia-Noite, uma jornalista informada e conceituada, a propósito da divulgação das escutas, e da alegada tentativa intromissão do PM num órgão de comunicação social, via instrumentalização da PT, manifestava a sua indignação e declarava que tínhamos batido no fundo. Compartilho da sua indignação, mas quanto ao bater no fundo, desculpe lá, isso já tinha sucedido muito atrás. A senhora jornalista, informada e conceituada, deveria indignar-se, também, com tudo o que tem sucedido de linchamento pessoal do PM, e o papel que alguma comunicação social tem tido no processo, ao serviço do timing e da estratégia comunicacional e política daquelas outras agências de informação, que não aquelas vilipendiadas pelo Pacheco Pereira. Não há virgens inocentes nesta história, ou, doutra forma, não tomem os que estão fora do "grande jogo" como parvos. Indignemo-nos, pois, mas "urbe et orbi".
  2. Daquilo que vai sendo dito sobre a situação da periferia sul da Zona Euro, algo retira-se (já referido neste blogue): a ser evitada esta crise, e para prevenir outras, a governança orçamental da Zona tem de passar a níveis de coordenação mais rigorosos e exigentes, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista político. A integração tem de ser aprofundada neste domínio - soberania orçamental compartilhada no limite: maior responsabilidade orçamental da Zona Euro na resposta aos problemas dos EM; maior abertura dos EM à fiscalização e acompanhamento por parte da União das  suas finanças públicas. A ver vamos o que acontece. De uma coisa não tenho dúvidas: as finanças públicas portuguesas estarão mais condicionadas pela fiscalização europeia, do que as finanças regionais da Madeira estarão da fiscalização da República. Talvez, no limite, seja a Europa a disciplinar as finanças de João Jardim. A propósito, o homem não é nada parvo, e a sugestão que avançou, é de puro gozo com todo o pagode, que somos todos nós, mas principalmente com os políticos, dos outros partidos  (BE, PCP e CDS) que votaram a nova Lei das Finanças Regionais - não sei como é que aquilo ficou, mas o certo é que, se se deixou cair o reconhecimento da especificidade açoriana, mesmo com os Açores a serem majorados nas verbas recebidas agora, isso é grave no médio prazo (o PSD local não consegue perceber isso?).
Coisas lidas e com piada, sobre este momento político nacional:
  • arquivo: Bem-vindos ao futuro | Pedro Adão e Silva: "Pelo caminho, banalizou-se a violação do segredo de justiça, que nos é agora apresentada transfigurada de jornalismo de investigação, e, num exercício de violência simbólica, vimos ainda o Ministro da Defesa, acompanhado de militares, a comentar um artigo hediondo de um bom pivot de telejornal, como que para provar de uma vez por todas que o governo revela uma preocupação desmesurada pelo que dele se diz nos media. Começa a haver, em tudo isto, poucos inocentes"
  • arquivo: O carnaval financeiro|Pedro Adão e Silva: "Salta à vista de toda a gente que a ausência de uma maioria de um só partido ou, alternativamente, de uma coligação formalizada entre partidos tornará impossível qualquer esforço estrutural de consolidação; mas como a irresponsabilidade não conhece limites, torna-se também cada vez mais claro que os partidos estão capturados pelo interesse regional (como já se tinha percebido, para o caso do PS, com o Estatuto dos Açores). [...]"

Sem comentários: