Um conhecido meu quando criticava o modo como Guterres, à altura Primeiro-Ministro, estava a gerir a despesa pública, ouviu do pai da sua namorada: "Então, já não se pode fazer bem?":
Na altura, a este propósito, ao contrário desse meu conhecido, andava distraído: a situação macroeconómica portava-se bem e as contas públicas apresentavam (parecia) resultados aceitáveis - era o noticiado. É óbvio que Guterres não estava a fazer as reformas que Cavaco não fizera, mas eu dava-lhe o desconto de não ter uma maioria absoluta.
Nessa altura eu estava no Conselho Económico e Social, em representação da Região. Ao assistir a uma conferência promovida por esse Conselho sobre a Agenda 2000, em finais de 1997, princípios de 1998, o economista português que chefiava o Gabinete de Estudos do BCE - sei quem é, mas não me recordo do nome, o que é imperdoável - começou a sua intervenção dizendo que gostaria era de ter sido convidado para ali falar da evolução da despesa pública portuguesa e não da Agenda 2000. Fiquei intrigado com aquilo, mas não consegui ligar os pontos.
António Guterres quis fazer bem; foi a personificação do político com sensibilidade social, e governou mal. Voltarei ao seu exemplo.
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