9 de março de 2011

"Não há almoços grátis"


"[....] a prática que existia no século XIX em muitos bares norte-americanos, e também nalguns ingleses, de oferecer a comida (‘free lunch') aos clientes que comprassem pelo menos uma bebida. O almoço era grátis, apenas era necessário pagar as bebidas. Aparentemente, a comida não importava. Obviamente que nos locais onde havia esta prática comercial as bebidas eram mais caras do que naqueles onde não havia 'almoços grátis'.

Na primeira metade do século passado, o acrónimo ‘tinstaafl' (‘there is no such thing as a free lunch') começou a ser popularizado, explicitando a ideia que mesmo que alguma coisa pareça grátis existe sempre um custo a pagar por alguém. O custo pode ser indirecto ou não ser imediatamente evidente, mas existe. Em muitas áreas, ‘tinstaafl' procura evidenciar o custo de oportunidade ao tomar-se uma decisão. Se uma pessoa ou grupo beneficia de algum bem ou serviço de graça, seguramente haverá alguém a pagar por esse benefício.

Em Portugal, o acrónimo tem sido pouco divulgado. E não se tem querido entender a ideia subjacente. A rede de estradas que temos; os estádios de futebol construídos; a quantidade de serviços públicos e empresas públicas que existem sem uma justificação clara; a facilidade com que o Estado (essa entidade mítica) proporciona uma casa grátis, ensino universitário (tendencialmente) grátis, prestação de cuidados de saúde grátis, acessos viários grátis, etc., são exemplos [continuar a ler ...] .

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Entendamo-nos: justifica-se, nalguns casos,ou, melhor, em muitos casos, que assim possa acontecer. O que não tem justificação alguma é que nos esqueçamos que assim é, e isso, mais que não fosse, porque potencia, desculpa, viabiliza, o mau uso  de recursos escassos, logo a ineficiência, a corrupção, a preguiça na reflexão estratégica, etc., etc.

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