23 de março de 2011

A propósito do dito dia D

Pedro Adão e Silva é para mim um dos melhores comentadores do país e em particular do centro esquerda. Aquilo que diz abaixo, em dois artigos (do mais antigo para o mais recente, e que merecem ser lidos na totalidade), qualifica aquilo que disse aqui, mas não o suficiente para retirar seja o que for ao juízo feito ao discurso de tomada de posse de Cavaco, embora, realmente, eu deveria ter frisado que aquela do "recusar sacrifícios" é indesculpável, infelizmente.

  • arquivo| Pedro Adão e Silva! : Se isto é um Presidente: "Na nuvem de palavras que reproduzia os termos mais utilizados por Cavaco Silva no discurso de posse, Europa aparecia pouco e era impossível vislumbrar a palavra ‘Euro’. Numa intervenção de quarenta minutos, devastadora para o Governo e com um diagnóstico muito critico do país é incompreensível que assim seja. Por muitos males nacionais que existam, não enquadrar a nossa situação na crise da dívida soberana da zona Euro não ajudará a resolver nenhum dos problemas que enfrentamos. Trata-se, apenas, de mais um contributo para a nacionalização da crise que está em curso e que se encarregará de nos afundar mais no buraco profundo onde já nos encontramos. Cavaco Silva foi mais um na longa lista daqueles que alimentam uma ilusão de soberania, trocando discursos críticos, esquecendo que vivemos já num contexto em que os Governos nacionais, de facto, pouco podem fazer.

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  • arquivo: há resgates e resgates: [....] Os vários actores políticos não souberam estar à altura da responsabilidade do momento dramático que vivemos em Portugal e no conjunto da Zona Euro. Quem são os responsáveis? O primeiro-ministro que, enquanto conseguiu um resgate menos desfavorável que o da Grécia e da Irlanda, continua a demonizar a ajuda externa que de facto já existe e teve sempre reservas em relação a uma coligação; o Presidente da República que, após o inenarrável episódio das escutas ficou tolhido, permitiu a formação de um governo minoritário e depois, na tomada de posse, não lhe ocorreu melhor do que recusar ‘mais sacrifícios’, quando sabia que eles eram inevitáveis e faziam parte de uma negociação em curso com a Comissão e o BCE; e o líder da oposição que, enquanto vai alimentando umas vacuidades sobre os consumos intermédios e sabendo que terá de aplicar a mesma dieta que agora recusa, é movido pela pressão do aparelho que o elegeu, que quer o mais rapidamente possível ir “ao pote”. [....] A margem de manobra que nos resta é quase inexistente e, nesta fase, sem que haja uma revisão profunda da arquitetura da Zona Euro, afirmações como, “distribuir os sacrifícios” ou “não penalizar os do costume” não passam de slogans sem qualquer exequibilidade.

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