4 de março de 2016

Eu estou de acordo com estas preocupações - eu explico-me

  1.  O texto de Rui Ramos, Em conversa com Vasco Pulido Valente, trata de uma questão decisiva para a democracia portuguesa: o do Estado que temos - adiantaria: versus o Estado de que necessitamos. Em minha opinião, o Estado de que necessitamos não é, definitivamente, o Estado que temos. O Estado que temos, o Estado clientelar, não é - por isso mesmo: por ser clientelar - forte, eficaz e eficiente.  Tem razão Medina Carreira quando diz que não temos economia para termos o Estado que temos, mas necessitamos de um Estado forte, eficaz e eficiente para termos uma economia de jeito, uma que nos prepare para os choques que o futuro vem aí a trazer. É interessante que neste momento a esquerda (a democrática) não se preocupe com o assunto: só comentadores do centro direita tocam no assunto, e a conclusão que retiram, mais que não seja por omissão, vai no sentido neo-liberal de menos Estado ser a solução quando, a meu ver, só em desespero de causa, "and for the sake of argument", poderia alvitrar-se que isso seria o mal menor face à impossibilidade de termos o Estado de que necessitamos. O conceito de Estado clientelar poderá não ser o suficiente para abarcar a situação do Estado que temos, mas o aprofundamento da discussão passa por aí como passa pela leitura do livros de Acemoglu e Robinsom, Porque as Nações falham? e o de Fukuyama, As Origens da Ordem Política (já os leram? Tenho vindo a sugeri-lo, a tutti quanti, sem grande sucesso. Rui Ramos e outros leram-os, sem dúvida).
  2.  Respeitei a Maria Luís Albuquerque como Ministra das Finanças. Quanto à sua decisão de combinar o desempenho de deputada com a de Administradora da empresa noticiada, repito, num juízo mínimo, o que disse Manuela Ferreira Leite: que devia ter tido mais bom senso. O texto de Paulo Ferreira,Maria Luís, a pretexto disso, levanta questões importantes.

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