16 de março de 2016

O que é que a esquerda norte-americana, à esquerda do Partido Democrático, diz neste momento? Para já fala de revolução política.

O que alguns - da extrema-esquerda norte-americana - pensam sobre o atual momento político norte-americano é dado de modo cristalino no vídeo abaixo. Fala-se de revolução política e aposta-se que o exército dessa revolução está nos milhões de jovens mobilizados pela campanha de Bernie Sanders, e ainda mais, que essa mobilização permanecerá para além duma vitória presidencial de Hillary Clinton. Tenho as minhas sérias dúvidas - se assim sucedesse, seria uma primeira vez que tal se verificaria nos EUA. As revoadas de contestação política, muitas vezes bastante radicais, têm sido frequentes na história americana: o sistema tem sido, sempre, capaz de as canalizar, de interiorizar algumas das reivindicações, e de seguir em frente - as razões de queixa destes jovens norte-americanos, pelo menos algumas delas, são bastante precisas e delimitadas, caso das dívidas em que incorrem para frequentar a universidade, e seriam facilmente acomodadas. Existe, realmente, uma especificidade norte-americana no modo como o enraizamento duma alternativa "socialista" à escala do país nunca ocorreu - existem bibliotecas escritas sobre o tema (em Portugal, por exemplo, está traduzido "Por que não houve socialismo na América?" de Seymour Martin Lipset e Gary Marks, que é, até onde posso ver, bem articulado e informado).

Em todo o caso, dando de barato a correção do inventário feito por Bernie Sanders (e pela Hillary Clinton, num tom mais suave) das disfunções políticas e económicas da democracia (plutocracia) americana, não acompanho o primeiro quanto às soluções apontadas, à sua factibilidade, à sua adequação, e às suas consequências. Alguns defendem que há uma boa maneira de resolver as coisas à norte.americana. É a tese de Stephen S. Cohen e de Bradford DeLong, em Concrete Economics: The Hamilton Approach to Economic Growth and Policy (ver aqui). Pessoalmente, a coisa que não queria ver agora era uma revolução nos EUA. Fico-me bem pela senhora, que sabe da poda e conhece bem o sistema (e é preciso conhecer bem o sistema para se conseguir alguma coisa feita nos EUA, e há tanta coisa que todos nós necessitamos que sejam feitas daquele lado).

Sanders and His Supporters Should Now Call for a Real Political Revolution
 

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