19 de março de 2008

Como inovar socialmente

João Wengorovius Meneses escreve no Diário Económico.com um artigo curioso, Uma esquerda progressista. A curiosidade reside no facto (é minha leitura, note-se) de fazer uma aproximação, pela esquerda, ao uso de metodologias de actuação que não tem sido apanágio das agendas da esquerda mais tradicional (socialista e à sua esquerda) e que encontramos, a contrario, defendidas por correntes neo-liberais e de centro-direita. À partida estou de acordo com a abordagem - já o disse: o que define a esquerda não são os instrumentos. Naturalmente, isto a ser tentado, por exemplo, na educação, provocaria a "mãe de todas as manifestações" - mas, existe uma considerável probabilidade de, para lá, caminharmos, e de experiências desse tipo serem tentadas.
Excertos:


"O Estado português precisa de reformas. Da educação à saúde, da justiça à segurança social, urge redefinir o papel do Estado, aperfeiçoar as suas respostas e alterar o seu modelo de funcionamento e de relação com os cidadãos. É necessário menos Estado, mas sobretudo um Estado mais eficaz, mais eficiente e mais participativo."


"Uma das actuais limitações do Estado reside na recente “tirania das circunstâncias”, que lhe impõe grandes restrições em assegurar as suas funções sociais, tal como desenvolvidas pela social democracia, após a II Guerra Mundial. Que fazer para ultrapassar esse estado de escassez e continuar a melhorar o bem-estar dos cidadãos? Adoptar novas e melhores respostas para as necessidades sociais, ou seja, acelerar a inovação social."
"Actualmente, o Estado cumpre as suas funções sociais financiando directamente as instituições prestadoras dos serviços – por exemplo, as escolas, os hospitais e as Instituições Particulares de Solidariedade Social –, sendo os serviços a prestar aos cidadãos definidos centralmente por “profissionais”. Alternativamente, o Estado poderia financiar directamente os cidadãos e colocá-los como principais responsáveis pela concepção dos serviços de que eles próprios necessitam. Ou seja, poderiam ser eles a definir a resposta, a receber o financiamento e, finalmente, a escolher a instituição prestadora do serviço."

"Claro que um novo modelo de Estado social seria uma “revolução”, num país refém de aparelhos partidários e de seitas sindicais e corporativas, incapazes de apostar no futuro e de defender o interesse colectivo. Mas é o tipo de ideias que a esquerda progressista deve levar a sério, se deseja encontrar um modelo viável de pós-social-democracia."

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