25 de maio de 2008

Para onde vamos?

A situação económica continua a não primar pela clareza. Dá a impressão que os cenários mais negros estão a ser ladeados, mas as dúvidas sobre a trajectória actual e futura da economia mundial continuam: a economia dos EUA está ou não em recessão? aproxima-se ou não um período de estagflação? a Europa, e o resto do mundo, conseguem ou não "desligar-se" do que se passa nos EUA? a inflação veio para ficar? Alguns artigos que fui acumulando (dos mais recentes para os mais antigos):

  • O futuro da globalização - DiarioEconomico.com de Teodora Cardoso.
    1. A crise financeira não foi uma simples crise de liquidez e nem sequer nesse plano foi fácil resolvê-la. ... 2. Investidores que exigem um rendimento para as suas aplicações duplo ou triplo do da economia têm de estar preparados para incorrer nos riscos respectivos. ... 3. Se é certo que os governos criam distorções, sofrem de miopia política e introduzem imperfeições nos mercados, não o é menos que, deixados a si mesmos, estes criam outras distorções e imperfeições, revelam-se ainda mais míopes e agravam as desigualdades ao ponto de as tornar insustentáveis. .... 4. Tornou-se impossível sustentar a posição de que, para que as economias cresçam e todos os cidadãos disso beneficiem, basta assegurar a liberdade de trocas internacionais e a flexibilidade dos mercados do trabalho, a par com políticas fiscais que oneram o trabalho e libertam o capital. ... 5. Apesar de tudo isto, continua a ser impossível defender a eficiência de políticas proteccionistas que sustentem a ineficiência de sectores específicos. ....
    A lista poderia continuar, mas estes pontos permitem já duas conclusões. A primeira respeita à necessidade de a UE se (re)posicionar naquilo que Richard Haass designa, no último número da Foreign Affairs, como o mundo “não polar” que está a suceder ao breve período unipolar, totalmente dominado pelos Estados Unidos. ...A globalização subordinada ao modelo americano deixará de ser uma imposição, o que permite – ou, mais rigorosamente, exige – que finalmente se crie o “modelo europeu” que tantos consideraram defunto ainda antes dele existir.A segunda conclusão diz respeito a Portugal e a todos os que considerem visionário o que ficou dito atrás. É tempo de começarmos a ganhar consciência das tendências mundiais quando elas estão a desenhar-se e não quando já entraram em declínio. Como Keynes (um investidor de sucesso) afirmava, “o investimento bem sucedido exige sermos capazes de antecipar as expectativas dos outros”. Porém, como ele também lembrava, “o maior problema não é o de fazer aceitar ideias novas, mas o de fazer esquecer as antigas”. Por isso, acreditar que a globalização vai mudar não quer dizer que ela desapareça, mas sim que deixará de ser ditada pelas tradições e interesses de um único país. Esse enquadramento oferecerá mais oportunidades, mas será também mais complexo, capaz de beneficiar os mais capazes de o antecipar e de punir os que persistam em o ignorar.










  • Real Time Economics : Fedspeak Highlights: Lockhart on Slowdown and Inflation





    "The U.S. economy is in the midst of a pronounced slowdown, with very little growth recorded for two consecutive quarters. The weakness was initially centered in the housing sector but has become more widespread. Consumer spending accounts for about two-thirds of U.S. gross domestic product, or GDP. Personal consumption has softened. It has been argued that to the extent the world relies on strong U.S. consumer activity, this weakness could pose a threat to continued global expansion… Also, the United States has experienced elevated inflation levels partially driven by a run-up of energy and other commodity prices. T







    he U.S. dollar has depreciated against the euro and on a trade-weighted basis. The export sector of the U.S. economy has benefited and remains quite strong. Export growth has diluted—but not offset—the negative trend of the U.S. economy. … Price inflation in the past few years has been remarkably controlled in most economies. But recently inflation in many parts of the world has begun to pick up. I’m sure you’re aware of reports of food price–related social unrest in several countries. Inflation is a growing issue for emerging economies






  • Grasping Reality with Both Hands: The Semi-Daily Journal Economist Brad DeLong: Brad DeLong Interviewed by Philippe Gohier In Macleans magazine: The Macleans.ca Interview: Brad DeLong Macleans.ca - Canada - Features. A entrevista incide sobre a conjuntura; o que pode suceder e sobre os programas económicos dos candidatos.





    "Q: As a general rule, Republicans say the U.S. isn't in a recession, while Democrats say it is. In your opinion, is the U.S. in or headed for a recession?"





  • Ponto final nas metas de inflação - DiarioEconomico.com. O artigo é de Joseph E. Stiglitz e a tese que defende não prima pela ortodoxia mais recente - mas há mais pessoas a dizer o mesmo:



    "... A resposta chegou sob a forma das “metas de inflação”, corrente que defende que sempre que o preço ultrapassa a meta fixada se devem aumentar as taxas de juro. Esta “corrente”, além de não obedecer a qualquer teoria económica, carece de provas empíricas.



    ...Hoje em dia, as metas de inflação estão a ser postas à prova – e tudo indica que não irão passar no teste. Os países em desenvolvimento enfrentam actualmente taxas de inflação elevadas devido à escalada dos preços do petróleo e dos bens alimentares, que representam uma fatia média do orçamento familiar muito superior à dos países ricos, e não devido à má gestão macroeconómica. "







  • Economist's View: Fed Watch: The Calm

    "The flow of data suggests economic activity is entering a very unnerving period of calm, not unlike the state of financial markets, which some commentators liken to the eye of the hurricane. Myself, I prefer Mark Gongloff's view that we are entering a state of "economic purgatory," one of neither expansion nor recession..."





  • 2008 - DiarioEconomico.com de Paulo Soares Pinho. Os dois primeiros parágrafos:

    "Vivemos um período de profunda alteração do paradigma económico mundial. Até há alguns anos, um Ocidente (num sentido lato que inclui o Japão) desenvolvido e industrializado especializava-se na produção de produtos industriais que eram manufacturados utilizando matérias primas obtidas sobretudo, mas não exclusivamente, de um Terceiro-Mundo empobrecido. Com o tempo, o Ocidente (exceptuando alguns tristes casos como o português) descobriu que os seus talentos se encontravam na concepção e comercialização de produtos e serviços e não na respectiva produção física, a qual passou a ser crescentemente assumida por uma parcela desse antigo Terceiro Mundo.
    Graças a essa industrialização esses países “emergentes” conseguiram desenvolver as respectivas economia e sociedade, criando novas classes de consumidores que crescentemente procuram imitar os padrões de consumo ocidentais. Este acréscimo de procura global foi, numa primeira fase, bastante benéfica para o Ocidente, cujas empresas viram as respectivas vendas e lucros subir em conformidade. Mas quando esses consumidores “emergentes” passaram a pretender mais carros, mais gasolina e mais comida, o Mundo começou a enfrentar a dura realidade da escassez de recursos alimentares e minerais...."

  • Rough water ahead? Free exchange Economist.com

    "The current situation, with multiple potential outcomes, is a difficult one to describe and analyse succintly. Happily, our own Economist Intelligence Unit has prepared a new report, assessing the fallout of the credit crisis, in which several scenarios are presented and given relative probabilities. The outlook which might be dubbed the conventional wisdom--that of a shallow recession in America and global slowdown elsewhere, followed by anemic growth in 2009--is given a probability of 60 percent. An alternative risk scenario, given 10 percent odds, emphasises inflation and prolonged weakness as central bankers struggle to rein in price increases. And then there is the 30 percent scenario (one might call it the Roubini scenario). Should it obtain, things would be grim indeed for years.


    Cross your fingers, knock on wood: it’s possible, though by no means certain, that the worst of the financial crisis is over. That’s the good news. The bad news is that as markets stabilize, chances for fundamental financial reform may be slipping away. As a result, the next crisis will probably be worse than this one."





  • Success Breeds Failure - New York Times. Artigo de PAUL KRUGMAN. A tese do artigo cruza com aquilo que é dito imediatamente acima.




  • Four mega-dangers international financial markets face vox - Research-based policy analysis and commentary from leading economists:

    "Eventually, of course, the decline in spending will lead to a decline in inflation, but this will only happen with a lag. The longer the lag turns out to be, the longer the period over which the U.S. economy will endure stagflation, that is, a cruel combination of rising prices and falling aggregate demand. Much hinges on how persistent U.S. inflation is. More persistent inflation will inevitably give rise to higher inflationary expectations, leading gradually to higher inflation, and so on. It took central banks over a decade, in the 1980s and early 1990s, to get inflationary expectations under control, and the fruits of this battle are now in danger of being lost."

Sem comentários: