Quando se discute as responsabilidades dos economistas em não terem previsto a crise, e logo, - pressuponho eu que o estejam a pensar implicitamente - em a não terem prevenido (o que é uma tontice), não é despiciendo chamar a atenção para um livro de um economista que previu e alertou para o disparate, e claro, não foi levado a sério - mesmo nesta crise, houve economistas a preverem a crise, e a não serem levados a sério.
O economista foi Keynes e o livro foi escrito em 1919. A tese de Keynes era a de que a Alemanha, o país derrotado, não podia ser tratada como o Tratado de Versalhes veio a tratá-la, pelas consequências económicas e políticas que isso traria - 20 anos depois eclodia a Segunda Guerra Mundial.
A frase que cito abaixo é aquela com que Keynes inicia o livro; é um claro aviso contra a complacência e tem uma "quase" rigorosa aplicação nos tempos que correm, ao mundo, ao país e à região em que vivemos - TPC: façam as pequenas correcções necessárias para que desapareça o "quase". A referência remete para a versão completa do livro.
"The power to become habituated to his surroundings is a marked characteristic of mankind. Very few of us realize with conviction the intensely unusual, unstable, complicated, unreliable, temporary nature of the economic organization by which Western Europe has lived for the last half century. We assume some of the most peculiar and temporary of our late advantages as natural, permanent, and to be depended on, and we lay our plans accordingly. On this sandy and false foundation we scheme for social improvement and dress our political platforms, pursue our animosities and particular ambitions, and feel ourselves with enough margin in hand to foster, not assuage, civil conflict in the European family"
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