22 de setembro de 2009

Pacheco Pereira, Santo Nome de Deus!

Pacheco Pereira (em desespero?) diz disparates, e disparates alucinados: ... e porque razão Cavaco iria dizer agora, em três dias, aquilo que não disse ao longo de longos meses. Pacheco Pereira sabe que diz disparates, mas mesmo assim diz-los. Porquê? Para controlar o prejuízo, para dar àqueles que votam no PSD, e àqueles que hesitam sobre essa possibilidade, o conforto da esperança de haver algo que justifique o que se passou, e a dúvida que arrime ainda aquela opção de voto.

Como diz António Vitorino a situação é alucinante. Mas se o Pacheco Pereira está em desespero, está em desespero porquê? Ele sabe que em democracia ganha-se e perde-se eleições - se não se ganhar desta feita, ganha-se da próxima, e isso será tanto mais provável, quando o PM é Sócrates (que, como é consabido na área do PSD, é mau; que, como pontifica o Prof. MRS, será sujeito a eleições no espaço de dois anos se ganhar estas; que não conseguirá enganar a maioria indefinidamente: é bom não esquecer que estamos em democracia). Será que receiam que Sócrates irá instaurar a ditadura, nesse intervalo de dois anos, concretizando a acusação de MFL de que tem "um projecto pessoal para o país"?
[Terei sido só eu que percebi que o maior insulto político desta campanha foi a imputação a Sócrates, pela MFL, de que ele tinha "um projecto pessoal para o país"? O "orgulhosamente sós" teve, convenhamos, uma incomparável sustentabilidade relativa]
Repito: porque é que perder estas eleições é tão desesperante para o PSD? Vejam o que escrevi na anterior nota - não devo estar muito longe da verdade.
Para quem é distraído (embora duvide que quem visite este blogue seja distraído, donde isto ser uma figura de retórica) aí vão duas peças do Diário Económico:


"Se Cavaco Silva tinha provas de que estava a ser espiado desde, pelo menos, Abril de 2008, não podia passar um ano e meio a agir como se nada se passasse. A questão é naturalmente séria de mais para ser tratada com a ligeireza e superficialidade que Belém lhe terá dedicado.
Bem sei que, como lembrava Ferreira Fernandes este fim-de-semana no DN, Portugal se tem transformado num país onde as suspeitas e os achismos valem bem mais do que os factos, ainda assim só havia um cenário possível: retirar a confiança política ao primeiro-ministro.
Se o Presidente achava que podia estar a ser escutado e/ou espiado - conforme as versões -, devia ter apurado se as suspeições tinham fundamento. O seu lugar institucional obrigava-o a recorrer ao secretário-geral do sistema de informações ou ao Procurador-Geral da República. Se não o fez, e optou por fazer chegar a informação a um jornal, deixou de confiar em duas instituições vitais. Tinha naturalmente de retirar consequências."


"O silêncio ambíguo de Cavaco Silva quando foi publicada a primeira notícia, no "Público" a 18 de Agosto, sobre as suspeitas de que o Governo andava a espiar a sua actividade, através de escutas colocadas no Palácio de Belém, causaram perplexidade. Afinal, não era um disparate de Verão?

Quando o DN noticiou, na passada sexta-feira, que o assessor Fernando Lima tinha encomendado uma notícia sobre estas escutas, através do mesmo jornal, a resposta ambígua de Cavaco Silva serviu apenas para confirmar que, afinal, era mesmo verdade, o Presidente suspeitava da existência de escutas. Até porque, nessa resposta, afirmou-se atento "às questões da segurança" e disse que não era ingénuo.

A declaração do director do "Público", José Manuel Fernandes, de que o SIS poderia estar envolvido na notícia do DN, porque citava um ‘email' trocado entre o referido assessor e um jornalista do "Público", só serviram para adensar o trama.

O primeiro a desmentir-se foi o director do "Público", porque, afinal, não teria existido uma violação do sistema informático do jornal. O segundo foi o próprio Presidente ao demitir o assessor Fernando Lima, a forma encontrada para dizer ao país que a conspiração não tinha tido a sua participação ou conhecimento e limitar, assim, os danos deste caso, já óbvios.

A decisão de dimitir Fernando Lima - que não é um caso particular da Presidência, como afirmou Manuela Ferreira Leite para justificar o seu silêncio sobre o caso - confirma a existência de uma conspiração a partir de Belém contra o primeiro-ministro, afecta a imagem do "Público" neste processo pela forma como o seu director assumiu ‘as dores' da Presidência, arrasta o PSD neste pântano institucional e partidário e, mais grave, põe em causa a sua própria autoridade e independência políticas.
A decisão de Cavaco Silva serve, apesar de tudo, para responder à pergunta colocada ontem neste espaço: os portuguesees podem confiar nas ‘secretas' portuguesas e o regime democrático não está em causa, porque, afinal, não há escutas promovidas pelo SIS ou outro órgão de informação a mando do Governo. Se existissem, o Presidente já teria, com toda a certeza, actuado..."



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