22 de setembro de 2009

Eleições: as implicações (para mim) do último episódio de Belém

Foi sempre minha convicção que a sucessão de casos que tem vindo a atingir o PS, e o seu Secretário-Geral, resultam de um esforço planeado, concertado a diversos níveis [ver aqui o que escrevi oportunamente sobre isso], e com diversas cumplicidades; acomodado, facilitado, participado e desejado por diversos interesses, de diversos quadrantes da sociedade portuguesa; justificado ética (sim, ética: não são só os marxistas-leninistas que invocam os fins para justificar os meios), ideológica, táctica e estrategicamente.
Esse esforço teve o seu primeiro momento com a Casa Pia; intensifica-se e diversifica-se com  Sócrates como Primeiro-Ministro: - ele perfilou-se, aos olhos da opinião pública, como alguém susceptível de enfrentar os problemas do país, de lhes dar uma solução aceitável, e como tal de prolongar o consulado socialista por alguns bons anos. Este último facto implicaria necessariamente um rearranjo das forças internas aos partidos da direita, com consequências drásticas para alguns dos seus sectores, mas o facto potencialmente mais disruptor e perigoso para os conservadores portugueses era ser, o sucesso de Sócrates e do PS, potenciador de alterações culturais profundas (por eles consideradas como tal) no tecido sociológico do país: aborto, divórcio, casamento dos homossexuais, drogas, etc., etc..
Era necessário destruir Sócrates de qualquer forma.
Estou convencido que a intencidade do ataque a Sócrates, o tom desabrido e desproporcionado que assumiu, se inscrevem nesse feixe de razões - tinha-me perguntado aqui das razões do ódio a Sócrates; a semana passada António Costa qualifica também o ataque como ódio; Clara Ferreira Alves intitula a sua crónica do Expresso - devem lê-la - de A culpa é do Sócrates e acrescenta o sub-título qualificante de Sócrates tem citações a mais; no Expresso, outros articulistas, alguns com alguma supresa minha, repisam o tema.

É minha convicção que já se passou do que era expectável em termos de combate político. O relativismo de muitos é que todos fazem o mesmo, quando chega a sua vez, e os Freeports duns são os Submarinos dos outros. Bom: em nenhuma circunstância eu sou capaz de conviver bem com isso: não sou um relativista do ponto de vista moral e sou contra todas as pulhices, independentemente do quadrante donde vierem [e por isso mesmo, as minhas convicções, ou conjecturas, são sempre de cariz popperiano]. Mas, em todo o caso, mesmo aceitando a tese do relativismo, o que se está a passar passa, de modo significativo, das marcas.
Aquilo que se passou em Belém, no Público, e o último episódio, validam as minhas conjecturas: estão a brincar, de modo inqualificável com a democracia portuguesa, e isso é imperdoável.
Tentarei explicar-me melhor em outras notas, ainda esta semana.

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