São umas atrás de outras, e qualquer delas não lembra ao diabo. Para mim, não existirão muitas dúvidas: para chegar ao poder - porque estão convencidos que são a única solução para o país, e porque a sua sobrevivência política disso depende - alguns estão dispostos a tudo. E a inoportunidade do que sucedeu cheira a trabalho por encomenda, e mesmo que tenha resultado de mera estupidez e insensibilidade, muitos continuarão a pensar que é demasiado fumo para não haver incendiários. Estão a brincar com a democracia portuguesa. Para haver democracia tem de haver um mínimo de confiança em que o jogo político se pauta por padrões mínimos de lisura. Eu, que nunca fui nas minhas convicções fanático, acredito que isso já não sucede. Ora, essa será a percepção da esmagadora parte do eleitorado histórico do PS, e não duvido a má-consciência de muitos outros - sabe-se quando se ganha porque o árbito aplicou um castigo imerecido aos outros, mesmo que o não se admita. Nada disto é bom para o tónus da nossa vida pública e para o que se passará no médio e longo prazo.
Deixemos os outros falar:
- Pedro Adão e Silva, no arquivo: A estupidez não tem limites: "O Jornal Nacional da TVI não gostava de José Sócrates e o afecto era retribuído. A vantagem é que quem frequentava aquela hora já sabia ao que ia: não era possível ter um olhar neutro, até porque o que era oferecido não era um produto jornalístico, assente em factos e no contraditório. Mas essa é outra história, que tinha, aliás, a vantagem de ser clara. A três semanas de eleições, a decisão de pôr fim ao regresso anunciado de Manuela Moura Guedes aos ecrãs é uma decisão notável, que não se percebe a quem convém. Comercialmente não faz sentido que a Media Capital abdique de um programa líder de audiências e politicamente Sócrates sai prejudicado pela percepção de que afinal há "asfixia democrática". Mas, convenhamos, uma televisão privada é uma empresa, em que também há relações hierárquicas. Ora o que poderá uma administração fazer quando uma funcionária se entretém a conceder declarações à imprensa que colocam manifestamente em causa a autonomia das decisões da administração? Pois foi isso que fez Moura Guedes ao dizer, textualmente, que "só se fosse alguém muito estúpido" é que a tirava do ar. Entre fingir que não ouviram ou agir em conformidade face a uma chantagem, a administração agiu. É, no mínimo, estúpido e inoportuno."
Expresso.pt: TVI José Eduardo Moniz não comenta acusações de ex editor "No dia 14 de Novembro de 2008 o então director-geral da TVI disse-me: 'O Jornal Nacional de sexta-feira lança os temas e vocês têm que os seguir'", recordou hoje Paulo Simão, 38 anos, ex-editor do Jornal da Tarde da TVI e de outros telejornais, nomeadamente os de fim-de-semana. "Pediram-me para alinhar o jornal que editava com o Jornal de sexta-feira, com o qual não concordava, por que envergonha o jornalismo. Reflecti e tentei perceber se conseguia continuar a exercer a minha função editorial com liberdade - mas aquilo era demais e ainda não era o jornal das grandes polémicas em que se tornou mais tarde", disse Paulo Simão.
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