Em meados da última década descobriu-se, por cá, o mar: o mar como a próxima fronteira (económica) dos Açores, como uma das poucas alternativas possíveis, como a saída desejável no caso do soi-disant "ciclo da vaca" se esgotasse, ou de ele não ser, só por si, capaz de sustentar tudo o resto (no entretanto, a classe política regional, na totalidade, ainda não começou a refletir sobre o que fazer se o efetivo ciclo sob que a economia açoriana tem vivido - o das transferências - venha a terminar, já que a novidade, agora, no momento que corre, é a de se poder vislumbrar cenários onde isso seria uma séria possibilidade).
Obviamente, foi mais um momento à "cargo cult", versão adaptada e europeia, e serviu para o que serviu.
No entretanto, a situação dos mares tem vindo a tornar-se cada vez pior: acidificação, poluição, zonas mortas, sobre-exploração dos pesqueiros, etc.. As notas referenciadas abaixo evidenciam-no. Numa delas, é referida a importância crescente da aquacultura no abastecimento de pescado - nesse particular, não sei o que se poderá fazer nos Açores, mas, e isso é importante para a Região (e daí a ligação ao que se diz no primeiro parágrafo), é referido o facto óbvio (o óbvio para uns, não o é para outros) que essa evolução irá valorizar economicamente, de sobremaneira, em termos relativos e absolutos, o produto da pesca tradicional.
Ora, temos aqui uma janela de oportunidade. O que se deve fazer? É fácil (ironia fácil): é pescarmos à Islandesa: recuperação do nível ótimo do stock biológico dos mares açorianos, proceder à exploração económica ótima (logo sustentável) desse stock, e dominar-mos toda a cadeia de valor do pescado. Isso obrigará a coisas comezinhas como a gestão rigorosa, a fiscalização rigorosa, a criação de zonas vedadas à exploração pesqueira, etc. etc.. Para isso é necessário tudo aquilo que possam pensar (investigação, legislação, apoios, polícia marítima,...) e mais uma coisa: uma condição sine qua non - ter as populações, e os agentes do sector conquistados para todo esse rigor, e modo diferente de fazer a pesca. Para isso é necessário, como é obvio (não se esqueçam do que se diz do entendimento do que é óbvio) fazer política. Política, como alguém dizia, é convencer os cidadãos a seguir um dado caminho coletivo. Ora, nos tempos que correm, em que a política é feita pelo orçamento, em função do orçamento e para o orçamento - a verdade de que ninguém fala é que os políticos que mais denunciam o economicismo, são economicistas - toda esta conversa é música das esferas para a nossa classe política: não percebem a necessidade, e mesmo que tivessem essa inquietude, não sabiam como se desincumbir da tarefa.
The End of the Line - TIME
But we may be coming to that realization too late, because it turns out that even the fathomless depths of the oceans have limits. The U.N. reports that 32% of global fish stocks are overexploited or depleted and as much as 90% of large species like tuna and marlin have been fished out in the past half-century. Once-plentiful species like Atlantic cod have been fished to near oblivion, and delicacies like bluefin tuna are on an arc toward extinction. A recent report by the International Programme on the State of the Ocean found that the world's marine species faced threats "unprecedented in human history" — and overfishing is part of the problem.
Sem comentários:
Enviar um comentário