13 de julho de 2011

Ah, e há o mar como alternativa ....

Em meados da última década descobriu-se, por cá, o mar: o mar como a próxima fronteira (económica) dos Açores, como uma das poucas alternativas possíveis, como a saída desejável no caso do soi-disant "ciclo da vaca" se esgotasse, ou de ele não ser, só por si, capaz de sustentar tudo o resto (no entretanto, a classe política regional, na totalidade, ainda não começou a refletir sobre o que fazer se o efetivo ciclo sob que a economia açoriana tem vivido - o das transferências - venha a terminar, já que a novidade,  agora, no momento que corre, é a de se poder vislumbrar cenários onde isso seria uma séria possibilidade).

Obviamente, foi mais um momento à "cargo cult", versão adaptada e europeia, e serviu para o que serviu.

No entretanto, a situação dos mares tem vindo a tornar-se cada vez pior: acidificação, poluição, zonas mortas, sobre-exploração dos pesqueiros, etc.. As notas referenciadas abaixo evidenciam-no. Numa delas, é referida a importância crescente da aquacultura no abastecimento de pescado - nesse particular, não sei o que se poderá fazer nos Açores, mas, e isso é importante para a Região (e daí a ligação ao que se diz no primeiro parágrafo), é referido o facto óbvio (o óbvio para uns, não o é para outros) que essa evolução irá valorizar economicamente, de sobremaneira, em termos relativos e absolutos, o produto da pesca tradicional. 

Ora, temos aqui uma janela de oportunidade. O que se deve fazer? É fácil (ironia fácil): é pescarmos à Islandesa: recuperação do nível ótimo do stock biológico dos mares açorianos, proceder à exploração económica ótima (logo sustentável) desse stock, e dominar-mos toda a cadeia de valor do pescado. Isso obrigará a coisas comezinhas como a gestão rigorosa, a fiscalização rigorosa, a criação de zonas vedadas à exploração pesqueira, etc. etc.. Para isso é necessário tudo aquilo que possam pensar (investigação, legislação, apoios, polícia marítima,...) e mais uma coisa: uma condição sine qua non - ter as populações, e os agentes do sector conquistados para todo esse rigor, e modo diferente de fazer a pesca. Para isso é necessário, como é obvio (não se esqueçam do que se diz do entendimento do que é óbvio) fazer política. Política, como alguém dizia, é convencer os cidadãos a seguir um dado caminho coletivo. Ora, nos tempos que correm, em que a política é feita pelo orçamento, em função do orçamento e para o orçamento - a verdade de que ninguém fala é que os políticos que mais denunciam o economicismo, são economicistas - toda esta conversa é música das esferas para a nossa classe política: não percebem a necessidade, e mesmo que tivessem essa inquietude, não sabiam como se desincumbir da tarefa. 


The End of the Line - TIME

But we may be coming to that realization too late, because it turns out that even the fathomless depths of the oceans have limits. The U.N. reports that 32% of global fish stocks are overexploited or depleted and as much as 90% of large species like tuna and marlin have been fished out in the past half-century. Once-plentiful species like Atlantic cod have been fished to near oblivion, and delicacies like bluefin tuna are on an arc toward extinction. A recent report by the International Programme on the State of the Ocean found that the world's marine species faced threats "unprecedented in human history" — and overfishing is part of the problem.

Read more: http://www.time.com/time/health/article/0,8599,2081796,00.html#ixzz1RW2r6lEL

Have jellyfish come to rule the waves? | George Monbiot | Environment | guardian.co.uk

A combination of overfishing and ocean acidification (caused by rising concentrations of carbon dioxide in the atmosphere) has created the perfect conditions for this shift from a system dominated by fish to a system dominated by jellyfish.

If this is indeed what we're seeing, the end of vertebrate ecology is a direct result of the end of vertebrate politics: the utter spinelessness of the people charged with protecting the life of the seas. In 2009 the Spanish fleet, for example, vastly exceeded its quota, netting twice the allowable catch of mackerel in the Cantabrian Sea, and no one stopped them until it was too late.

Last week, the European commission again failed to take action against the unilateral decision by Iceland and the Faroes to award themselves a mackerel quota several times larger than the one they agreed to, under their trilateral agreement with the EU and Norway. Iceland and the Faroes have given two fingers to the other nations, and we appear to be incapable of responding.

World’s oceans in ‘shocking’ decline, report finds ‘speeds of many negative changes … are tracking the worst-case scenarios’ | ThinkProgress

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