28 de fevereiro de 2008

SEDES e o mal português

Assisti, esta noite, a um debate na SIC Notícias, com Campos e Cunha e Ribeiro Mendes, a-propósito do documento da SEDES, vindo a público há alguns dias, sobre o "mal português". Retive, entre muitas, estas afirmações (para memória futura e, no primeiro caso, para acrescentar alguma coisa, ao fim da nota):
  • a ausência de líderes políticos - no actual panorama político nacional e europeu - definidos como sendo aqueles que antecipam os problemas e que actuam em conformidade - a contrário, a difusão do político enquanto "representante", vivendo da gestão do dia-a-dia da pequena política, daquela determinada pelas sondagens, etc.;
  • a legislação é feita em grupos de trabalho que investigam quais são as melhores práticas e, depois, vertem isso na legislação nacional, esquecendo o facto do contexto ser diferente (o que altera as condições de eficácia dos dispositivos legais);
  • como se efectua o processo de decisão sobre os grandes projectos e as grandes questões: não existe a prática dos livros verdes, brancos, a sustentar a sua discussão pública;
  • o carácter asfixiante da regulamentação que dificulta, mas que possibilita, a posteriori, vender as "facilidades".

No que respeita à questão dos líderes, existe outra tipologia (do que conheço), mas confluindo com a referida por Campos e Cunha. Apanhei-a num livro de Howard Gardner (já lá vão mais de dez anos), Leading Minds - An anatomy of leadership, Harper Collins, 1996. Distingue entre: the ordinary leader; the innovative leader and the visionary leader:

"The ordinary leader, by definition the most common one,
simply relates the traditional story of his or her group as effectively as
possible ... does not seek to stretch the consciousness of his contemporary
audience. We can learn about the commonplace stories of a group by examining the
words and the lives of ordinary leaders; we are unlikely to be able to
antecipate the ways in which that group will evolve in the future."

"The innovative leader takes a story that has been latent
in the population, or among the members of his or her chosen domain, and brings
new attention or a fresh twist to that story. In recent world history,
neither Thatcher nor de Gaulle ... created wholly novel stories. Rather, it was
their particular genius to have identified stories or themes that already
existed in the culture but had become muted or negleted over the years...
these innovative leaders may succeed in reorienting their times."

"... the visionary leader... this individual actually
creates a new story, one not known to most individuals before, and achieves at
least a measure of success in conveying this story effectively to others... I
view individuals like Gandhi and Monnet as visionary leaders for our
time."

Que tipo de líderes necessitamos para os tempos que se avizinham?

Sem comentários: