9 de dezembro de 2008

O exemplo que deve ser seguido pelos políticos açorianos



Aquilo que Obama se propõe fazer, e anuncia no vídeo acima, revela a concretização táctica exemplar de uma reflexão estratégica multifacetada, incidindo sobre um conjunto de questões interligadas (segurança, dependência energética, eficiência energética, emprego e globalização, resposta à crise económica), cuja resolução, tendo uma resposta integrada, ganha em termos de eficácia e de eficiência.

A concretização táctica é exemplar na forma e no conteúdo. Temos aqui um político - o mais poderoso do Mundo - que fala da substituição de lâmpadas - é outro tipo de gravitas na actuação política; o político português habitual teria receio de perder a "gravidade" (Sócrates, que não se lembrou desta, infelizmente, mas não pertence à categoria, fala, e bem, por exemplo, do "Magalhães"... para gáudio bacoco de muitos) - e aquilo que diz, sendo adequado do ponto de vista operacional, é um veículo da chamada de atenção dos cidadãos para um conjunto de problemas sérios, que a serem resolvidos, necessitam da sua mobilização - o futuro executivo norte-americano dá o exemplo, e com isso foca a atenção da população numa questão determinante. As medidas são simples, mas são poderosas, a todos níveis.

Nos Açores, precisavamos do mesmo: a eficiência energética teria de ser assumida como um dos objectivos primeiros da governação - a criação de uma Direcção Regional da Energia sendo condição necessária, não é, contudo, suficiente. A questão é transversal a todo o Governo. Para começar, o Governo Regional dos Açores poderia copiar Obama: sujeitar os edifícios públicos (e as obras públicas, de modo tempestivo) a auditorias energéticas (o anterior Director Regional do Ordenamento, Virgílio Cruz, num artigo no AO, há meses - anos? - atrás, sugeria isso, indirectamente, ao propô-lo para as casas particulares); substituir as lâmpadas, e, naturalmente, tudo isso enunciado e explicado pelo Senhor PGRAA, para ter os melhores efeitos na opinião pública. Eu sei que tem sido feito alguma coisa - pela ex-DRCIE, pela EDA, mas faltou, e falta a isso tudo, profundidade de campo, visibilidade e impacto político.

No entretanto, as Câmaras Municipais poderiam seguir o exemplo, ou mesmo antecipá-lo. E já agora, que se aproximam as eleições autarquicas, será vergonhoso que essas, e outras questões, não sejam abordados nos programas eleitorais - é simples: pesquisa na net sobre o que, por este mundo fora, está a ser feito, e proposto, escolhendo-se aquilo que se adequa mais às nossas possibilidades e necessidades, e faz-se um brilharete.
E ainda, a este propósito, impor-se-ia que, uma vez por todas, na opinião pública (só na opinião pública?) se dissipasse a idéia que eficiência energética é a geotermia. A geotermia - o seu real êxito - funciona como cortina que esconde aquilo que é preciso fazer do lado da utilização da energia nos Açores.
Os Açores, quer no que respeita à eficiência energética, quer na produção na base das renováveis, poderiam (deveriam e necessitariam) ser um exemplo (mais) marcante para o país. A verdadeira, a substantiva afirmação autónomica, passa por aquilo que formos capazes de fazer: este é um domínio de afirmação da diferença, por excelência. O debate político - para variar: torná-lo-ia muito mais interessante e útil - poderia incidir nas alternativas de o conseguir.




O vídeo foi retirado de Energy Efficiency Leads Obama's Economic Plan EcoGeek - Clean Technology.

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