Estou a ler, com interesse e prazer, o diário de Natália Correia, "não percas a rosa" no período do 25 de Abril a 20 de Dezembro de 1975. É curioso e instrutivo de ler para quem, como eu, nesse período, esteve do outro lado da barricada. A dado momento - entrada de 15 de Dezembro de 1974 -, diz algo que é relevante para o actual momento político nacional, embora se refira ao que se passava na I República (transcrevo): "[...] Os partidos não se consideram uns aos outros como órgãos indispensáveis do poder burguês. Cada formação partidária concebe-se como a única capaz de gerir a sociedade. Ainda o aspecto feudalista neste culto sub-reptício do partido absoluto [...]". É óbvio que a ilusão da sua própria imprescindibilidade atinge todos os partidos, mas isso acontece de modo diferente, com intensidade diferente, por canais diferentes, e em face de conjunturas diferentes. A implicação é que para diferentes partidos, haverão diferentes níveis a partir dos quais a pulhice passa a ser justificada pelo superior interesse nacional (ou argumentação desse tipo), esperando nós, que pelo menos para alguns esse limiar, por tradição, por cultura própria, por convicção e disciplina ideológica, nunca seja ultrapassado.
Um exemplo de como para alguns [parafraseando a citação anterior] se consebem como os únicos capazes de gerir a sociedade, vejam aquilo que se referiu aqui.
Vejam estas duas notas: a primeira, In Concreto: O Cartaz; a segunda, Canhoto: PSD: não ganham nada com isto). A história que comentam tem a ver com o cartaz da JSD onde mostra-se Sócrates com nariz de Pinóquio. De acordo com o que dizem. É a divisão de tarefas no PSD: a Direcção assume a posição nobre (juízo do Ministro dos Assuntos Parlamentares) de não se pronunciar sobre o caso Freeport; todos os outros fossam no assunto como seria de esperar. Não queiram fazer de mim parvo.
agora, sobre as atribulações de um independente de esquerda nestes tempos da III República ...
4 de fevereiro de 2009
No seguimento da nota anterior ...
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