24 de março de 2009

Li e recomendo

Li hoje no Económico (ex-Diário Económico) estes artigos, e recomendo a sua leitura:






  • Autoritarismo de vão-de-escada Económico (Pedro Adão e Silva)
    "[...] enquanto se democratizaram as relações de poder ao nível macro, em Portugal há uma espécie de autoritarismo de vão-de-escada, baseado em micropoderes que beneficiam do lastro de autoritarismo que persiste na sociedade portuguesa. Na verdade, não é necessário incitamento activo vindo de cima (leia-se, do poder político), para que nas mais diversas esferas se assista ao exercício de autoridade com escassa cultura democrática. Há uma rede de micropoderes, que se encontra difundida na nossa sociedade e que não nasce necessariamente do centro. Além do mais, em democracia, o autoritarismo é como o tango, precisa de pelo menos dois para existir. Ou seja, o exercício autoritário do poder requer que uma das partes exerça um constrangimento activo, mas necessita também que haja uma predisposição social e individual para aceitá-lo. [...]"

  • A dívida que nos une Económico
    "[...] Ora o que inevitavelmente nos une é uma enorme dívida. E não se pense que é só o Estado que está endividado com uma dívida pública que dificilmente não ultrapassará em 2009 a fasquia dos 70% do PIB. Além do Estado estão endividadas as empresas que em 2007 deviam 114% do PIB e estão endividadas as famílias, que no final do mesmo ano deviam 129% do rendimento disponível, (91% do PIB) ocupando os três tipo de devedores sempre um dos três primeiros lugares da zona euro. E não se pense, nem se diga que esta dívida foi desperdício e superficialidade. [...]
    E naturalmente face a este acréscimo de dívida tivemos que recorrer ao estrangeiro para nos endividarmos. Assim, a nossa dívida externa deverá ser hoje mais de 150 mil milhões de euros quando dez anos antes se situava em cerca de 27 mil milhões de euros, isto é cinco vezes mais. É por isso que nos próximos anos a poupança será uma prioridade inevitável. [...]
    Mas se a dívida nos une, é fundamental consciencializarmo-nos que teremos não só de pagar os juros como, a prazo, reduzir esta dependência, isto é, pagar esta dívida. Para isso temos de nos concentrar em tornar a dívida produtiva, isto é garantir ganhos reais de produtividade. Só que quando olhamos para a nossa produtividade verificamos que o nosso crescimento nos últimos 10 anos se fica pelos 1,6% média ano, valor inferior à média europeia o que coloca Portugal em 16º lugar no ‘ranking' do PIB/per capita na Europa dos 27 e com clara tendência de perda de posições.
    É por isso que, se a dívida nos une, terá que ser a produtividade (e a competitividade) que nos deverá unir."

Sem comentários: